O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta aos participantes e organizadores da 18ª Jornada de Agroecologia, que se encerrou neste domingo, em Curitiba. A carta foi lida no encerramento do evento, no palco montado na Praça Santos Andrade, Centro da Capital.
“Hoje estamos vendo até parte do agronegócio desesperado com os prejuízos causados pela irresponsabilidade e ganância, por um presidente que estimulou durante meses grileiros e latifundiários criminosos a avançar sobre a floresta. Estão invadindo terras e fazendo queimadas criminosas. Liberaram agrotóxicos proibidos em outros países, contaminando a comida, o solo e os rios do Brasil”, dispara o líder popular.
Na tarde deste domingo, participantes da Jornada realizaram um ato intitulado “Semeando a liberdade”, em solidariedade a Lula, com muito mística, música e espiritualidade. A ação aconteceu na Vigília Lula Livre, localizada no bairro Santa Cândida, ao lado da Superintendência da Polícia Federal, onde Lula está preso.
Confira o documento na íntegra:
“Queridos companheiros,
Quando estava na presidência da República, falava muito da semelhança entre governar e plantar. É necessário preparar a terra, colocar a semente, cuidar e ter paciência porque cada cultura tem o tempo certo da sua colheita. Algumas plantas crescem mais rápido, outras levam mais tempo para dar frutos.
Plantamos muita coisa boa no Brasil. Mas hoje estamos vivendo a tempestade daqueles que plantaram o ódio nesse país. Sabemos que os frutos podres deles não durarão para sempre. Por isso minha alegria em ver os movimentos sociais não apenas resistindo, mas espalhando por esse país semente de um futuro melhor, com moradia, trabalho, menos fome e alimentos mais saudáveis.
O Brasil é um país muito grande. Cabe dentro dele a produção de alimentos e a agricultura para a exportação. Cabem no Brasil as reservas indígenas. Cabem as áreas dos quilombolas. Cabe a preservação de florestas. Cabe a Amazônia e a sua biodiversidade.
Cabem todos nós dentro do Brasil, com dignidade, trabalho e educação.
Tudo isso cabe dentro do Brasil se tiver soberania e não for governado para poucos; se o país não se tornar submisso aos Estados Unidos; se o país não seguir o caminho do ódio; se o país não tacar fogo em si mesmo.
Provamos que é possível combinar desenvolvimento da agricultura familiar, proteção ambiental, produção local de alimentos saudáveis e combate à fome, com iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos para a Merenda Escolar, que garantia a compra de 30% da merenda do pequeno agricultor, com a redução dos índices de desmatamento.
Hoje estamos vendo até parte do agronegócio desesperado com os prejuízos causados pela irresponsabilidade e ganância, por um presidente que estimulou durante meses grileiros e latifundiários criminosos a avançar sobre a floresta. Estão invadindo terras e fazendo queimadas criminosas. Liberaram agrotóxicos proibidos em outros países, contaminando a comida, o solo e os rios do Brasil.
Nosso país que antes era líder e respeitado no mundo, que dialogava com todos, agora está ficando cada vez mais isolado, o que é injusto com o Brasil que é melhor, muito melhor, que Bolsonaro.
E você são esse Brasil melhor que planta e cuida de produzir alimentos saudáveis para nossas crianças. Que lutam por dignidade no campo e na cidade. Que plantam as sementes de um futuro melhor.
Hoje, estamos tão perto, na mesma cidade, e tentam nos impedir de estarmos juntos. Mas estamos juntos. Não são muros ou paredes de uma cela que podem nos separar ou impedir nossa união. Nosso espírito, nossas ideias não podem ser presas. Estamos juntos há muitas décadas e plantamos e colhemos muitos frutos na luta por um Brasil mais justo, mais democrático, mais digno e com mais alimentos saudáveis.
Muito obrigado por seguirmos juntos.
Um grande encontro e muita força na luta justa por uma produção de alimentos mais saudáveis, com mais inclusão social e harmonia com a natureza.
Forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva”