Hoje, 22/07, completaria 100 anos um dos maiores pensadores brasileiros, o sociólogo e professor Florestan Fernandes, considerado o fundador da sociologia crítica no País. Autor de vasta obra sobre o Brasil e suas mazelas sociais históricas, os ensinamentos de Florestan continuam atuais e precisam ser replicados para que os jovens, militantes de movimentos sociais e a sociedade como um todo conheçam seu trabalho e se conscientizem dos imensos desafios que o povo brasileiro tem para construir um país desenvolvido, democrático, com justiça social e sustentabilidade.
Florestan guiou-se pela liberdade, justiça e igualdade, bandeiras atacadas num momento sombrio em que o Brasil encontra-se sob as rédeas de um governo militar que destrói conquistas civilizatórias, fere a soberania nacional e transforma o País em motivo de piada em todo o mundo.
Autor de 53 livros, Florestan foi cassado e exilado por força da perseguição da ditadura militar instalada no país em 1964. Em 1986, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. Pelo partido, foi deputado durante a Assembleia Nacional Constituinte (1987-1990) — dando contribuição decisiva na elaboração dos capítulos sobre direitos sociais na nova Carta – e na legislatura seguinte (1991-1995).
Foi coerente ao longo de toda a vida, em defesa da liberdade, do socialismo e dos interesses da classe trabalhadora. Nunca abandonou suas raízes operárias e nem se deixou seduzir pelos holofotes da fama e dos conchavos acadêmicos. Nada mais simbólico que a homenagem a ele pelo MST, quando, em 2005, foi construída a Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP), para possibilitar a formação política de organizações populares de todo o mundo. É hoje referência internacional por unir a prática com a teoria política.
Nascido em 22 de julho de 1920, em seus 75 anos de vida dedicou-se à construção de um projeto socialista para o Brasil, mas sempre reforçando a necessidade da felicidade nas conquistas do ser humano. Nunca é demais lembrar que Florestan foi uma criança pobre que trabalhou desde os seis anos. A pobreza afastou-o da escola aos 9 anos, para onde retornou só aos 17. Em 1943, estava formado: sociólogo. Um exemplo de superação até se tornar o mais influente sociólogo de sua geração, professor, entre outros, de Fernando Henrique Cardoso.
Sua obra sobreviveu ao tempo e deve ser cultuada nesse momento em que se questionam os pilares da sociedade atual, marcada pelo egoísmo e falta de solidariedade e estímulo ao preconceito contra os mais humildes por parte das tradicionais oligarquias e dos atuais detentores do poder no País.
Florestan Fernandes insistia que o seu socialismo era a democracia levada às últimas consequências. E é por essa democracia que nós, do PT, lutamos sem tréguas. Direitos respeitados, conquistas transformadoras que levem nosso país a um outro patamar de desenvolvimento, superando seculares mazelas como as desigualdades sociais e regionais. Uma democracia que respeite os direitos da população negra, dos povos indígenas, dos quilombolas, das maiorias e minorias excluídas em nosso país, da classe trabalhadora. Um país que respeite o meio ambiente e adote um modelo sustentável de desenvolvimento compatível com os desafios do século XXI, com educação de qualidade e gratuita para todos, que preserve a soberania nacional num projeto que, em suma, leve à emancipação coletiva do povo brasileiro.
As bandeiras de Florestan continuam presentes.
Viva Florestan Fernandes!
Enio Verri (PT-PR), líder da Bancada do Partido na Câmara dos Deputados