A grande manifestação do “Ocupa Brasília”, que pedia por Diretas Já, Fora Temer e contra a retirada de direitos dos trabalhadores, na tarde desta quarta-feira (24), transformou-se em um cenário de guerra com a forte repressão policial que marcou o dia.
Ainda pela manhã, mais de 200 mil manifestantes saíram do estádio Mané Garrincha até a praça dos Três Poderes. Os protestos começaram pacificamente, mas foram atingidos pela repressão ainda no começo da caminhada. Parlamentares do PT desceram a rampa do Congresso e se uniram à marcha, denunciando a violência.
Muitos deles afirmaram que o cenário de guerra recordou aos tempos da ditadura militar. A PM do Distrito Federal começou a jogar bombas de efeito moral, gás pimenta e gás lacrimogêneo nos manifestantes, além de disparar tiros de bala de borracha. Manifestantes foram atingidos e ficaram feridos.
A violência gerou indignação da população, movimentos sociais e dos parlamentares do PT. A situação se agravou quando o presidente golpista convocou as Forças Armadas para “garantir a lei e a ordem” no DF até o dia 31 de maio.
O ato foi convocado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além das centrais sindicais e outros movimentos sociais. Inicialmente, a pauta principal era a resistência às reformas trabalhista e da Previdência proposta pelo governo golpista. Com a piora da crise do governo Michel Temer (PMDB), porém, o Fora Temer e o Diretas Já ganharam força.
Para o líder do PT da Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a manifestação representa o Brasil inteiro numa única frente: fora Temer, diretas já e nenhum direito a menos. “O objetivo anterior era protestar contra as reformas, agora é com os fatos que mostram que Temer não tem nenhuma condição de governar. A manifestação ganhou novo propósito pelas eleições diretas e retomada da democracia. Não existe possibilidade de acordo ou eleição indireta, que não seja as urnas”, disse.
A senadora Gleisi Hoffmann, líder do PT no Senado, também participou do ato e se manifestou nas redes:
Ao menos 500 ônibus saíram de todo o país para a capital. Lideranças dos principais movimentos sociais, como o presidente da CUT, Vagner Freitas, o líder do MTST Guilherme Boulos, Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, Alexandre da Conceição, do MST, também estavam em Brasília.
Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a repressão fez lembrar os piores tempos da ditadura militar. “Mal a marcha chegou ao parlamento e já começou a ser reprimida com bombas em mulheres, crianças e trabalhadores que estão aqui só para defender seu direito de trabalhar livremente, tem seu direito trabalhista garantido, o acesso à Previdência. Mas se acham que vão nos intimidar, não vão. Vamos reconquistar a democracia neste país”, disse ele. Para o deputado Jorge Solla, o cenário remontou ao ano de 1968.
Durante todo o dia, deputados e senadores denunciaram a violência. Para a deputada Margarida Salomão (PT-SP), a repressão tem consequências nefastas para a democracia. “Estamos muito perto de ver uma ditadura instalada em nosso país”, escreveu ela no Twitter.
Também no twitter, o senador Humberto Costa (PT-BA) afirmou que parlamentares haviam se reunido no dia anterior com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, para pedir que a PM agisse de acordo com a lei. A repressão, segundo ele, teria partido do próprio governo golpista.
Da Redação da Agência PT de Notícias