O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou nesta quinta-feira (4) em entrevista ao jornal O Globo, que “um dos planos era me prender e enforcar após o golpe”. Moraes referiu-se aos atentados terroristas praticados por bolsonaristas em 8 de janeiro de 2023. Ao jornal, o ministro fez um balanço dos ataques.
No X, a presidenta Nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse que as revelações de Moraes são gravíssimas. “Prender, sequestrar e até enforcar quem defendeu a democracia e o estado de direito”, afirmou.
Segundo Gleisi, a entrevista de Moraes expõe cruamente a natureza do bolsonarismo e seus comparsas fascistas. “Os ataques brutais de 8 de janeiro foram planejados para provocar uma intervenção militar, envolvendo comandantes aliados de Bolsonaro, é o que revela o ministro”, afirmou.
O ministro é relator dos processos que investigam atos antidemocráticos, fake news, terrorismo, tentativa de golpe de estado, associação criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. No 8 de janeiro, o ministro estava na Europa em viagem com a família após a posse do presidente Lula.
Gleisi disse que com essa gente não se brinca e cobrou que os responsáveis pelos atos sejam identificados e punidos. “A liberdade que pregam só vale para eles; para oprimir os vulneráveis, para impor sua vontade à força, para calar e até matar quem pensa diferente”, escreveu no X.
A presidenta do PT enalteceu o papel importantíssimo de Alexandre de Moraes na defesa da democracia brasileira, “antes, durante e depois da tentativa de golpe de Bolsonaro”. “É preciso julgar e punir os comandantes do golpismo, civis e militares.”
Regulação das Big Techs
Gleisi defende o combate rigoroso à indústria de mentiras nas redes sociais. “Inclusive regulamentando a ação das big techs e empresas que permitem a disseminação do ódio e das fake news”, disse. “Sem anistia! Queremos democracia para sempre”, publicou a deputada em sua rede social.
Na entrevista, Moraes se disse chocado com a inação da Polícia Militar. “Fui secretário de Segurança Pública de São Paulo e ministro da Justiça. Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”, disse.
Para o ministro, foi um erro muito grande das autoridades, ainda sob o governo de Bolsonaro, ter deixado durante o ano passado “aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis”. “Isso é crime e agora não há mais dúvida disso”, falou.
Na entrevista, Moraes afirmou que o STF recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição a adversários políticos.
Polícia Rodoviária Federal
Moraes falou que, no dia do segundo turno (30 de outubro de 2022), houve um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na ocasião comandada pelo bolsonarista Silvinei Vasques. O ministro se referia a blitze realizadas pela PRF no Nordeste, região em que a maioria do eleitorado vota no presidente Lula. Essa ação foi objeto de inquérito que levou à prisão de Vasques.
Para o ministro, a violência estava em uma crescente e o grande erro doloso foi permitir a entrada dos manifestantes bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios. “O 8 de janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas”.
Questionado sobre a responsabilidade de Bolsonaro, Moraes afirmou que “todas as pessoas sobre as quais a Polícia Federal encontrar indícios serão investigadas, desde os executores até eventuais políticos”.
Segundo o ministro, havia três planos para prendê-lo. “O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, relatou.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, também se manifestou. No X, classificou como absurdo o plano criminoso arquitetado para o 8 de janeiro, que contava, segundo a entrevista de Moraes, com a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
“Derrotamos o golpe, mas ainda precisamos que todos os golpistas, incluindo o inelegível, sejam responsabilizados pelos crimes que cometeram. Sem anistia!”, afirmou.
Da Redação