O Palácio do Planalto ficou lotado, nesta quarta-feira (8), por autoridades dos Três Poderes da República e por defensores da democracia, como forma de repúdio aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A cerimônia marcou os dois anos da agressão dos apoiadores de Jair Bolsonaro ao Estado Democrático de Direito. Em discurso bastante ovacionado, o presidente Lula deu o tom da revolta nacional contra o infame episódio: “Estamos aqui, para dizer em alto e bom som: ditadura nunca mais, democracia sempre”.
“Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023”, afirmou Lula. “Estamos aqui porque é preciso lembrar, para que ninguém esqueça, para que nunca mais aconteça”, prosseguiu.
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Sem anistia
Lula pediu punição aos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado e mencionou especificamente os suspeitos que almejavam assassiná-lo, juntamente com seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente defendeu, contudo, que eles tenham o direito ao contraditório e à ampla defesa.
“Sempre seremos implacáveis contra quaisquer tentativas de golpe. Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram, inclusive os que planejaram o assassinato do presidente, do vice-presidente da República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Terão amplo direito de defesa e terão direito à presunção de inocência”, disse.
Pela democracia brasileira
O presidente fez questão de agradecer a todos que compareceram à cerimônia no Palácio do Planalto, incluindo os comandantes das três Forças Armadas. Lula lembrou que o regime democrático “permitiu que um torneiro mecânico sem diploma universitário chegasse à Presidência da República, na primeira alternância concreta de poder nesse país”.
“Historicamente, sempre se pensou que trabalhador não prestava para nada a não ser para trabalhar. As pessoas não imaginavam que os trabalhadores pudessem organizar um partido e chegar à Presidência da República. E muito menos ser o único eleito três vezes para a Presidência da República”, afirmou o petista, antes de ser aplaudido.
“O 8 de janeiro não foi um passeio na praça”
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), classificou o 8 de janeiro como “a última etapa da tentativa de impedir a posse do presidente Lula e mudar o regime democrático brasileiro”.
“O 8 de janeiro não foi um passeio na praça, nem só uma depredação de gente que resolveu vir para cá. Era um ato pensado para criar uma situação e isso gerar uma intervenção mais organizada por parte dos militares e, graças a Deus, isso não aconteceu”, definiu Gleisi.
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“Porque agora, com as investigações, nós estamos vendo o que o Braga Netto estava fazendo, o que o Mauro Cid estava fazendo, o que os ‘kids pretos’ estavam fazendo, a tentativa de assassinato do presidente Lula, do presidente Alckmin, do Alexandre de Moraes”, enumerou a presidenta do PT.
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“Narrativa falsa”
Além do próprio Moraes, encarregado no STF do processo sobre a tentativa de golpe de Estado, também estiveram presentes ao evento no Palácio do Planalto os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia. Fachin censurou duramente os atentados de 8 de janeiro de 2023. O magistrado foi enfático na defesa dos valores e das instituições democráticas.
“Não devemos ter ilusões: no Brasil e no mundo, está sendo insuflada a narrativa falsa de que enfrentar o extremismo e o golpismo, dentro do Estado de Direito, constituiria autoritarismo. É o disfarce dos que não desistiram das aventuras antidemocráticas, com violações das regras do jogo e supressão de direitos humanos”, criticou Fachin, ao parafrasear o ministro Luís Roberto Barroso, seu colega no STF.
“A mentira continua a ser utilizada como instrumento político naturalizado. Não virão tempos fáceis, mas precisamos continuar a resistir”, concluiu.
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De volta à Praça dos Três Poderes
Encerrada a cerimônia no Palácio do Planalto, Lula seguiu para a Praça dos Três Poderes, acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e de aliados. Há dois anos, o local era tomado pelos extremistas de direita que levaram a cabo a mais vil agressão contra democracia desde o fim da Ditadura Militar (1964-1985).
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Da Redação, com Canal Gov