Inacreditável o que está sendo feito por um grupo de delegados da Polícia Federal.
Num dia, é o filho de Lula que teria movimentação financeira “incompatível” com sua renda por conta de uma transferência para a sua conta de dinheiro pertencente a uma empresa que é dele próprio.
No dia seguinte, Lula ganhou de presente já não um pombal no Guarujá, nem pedalinhos, mas o estádio do Itaquerão inteiro.
E hoje, uma fortuna da Odebrecht baseado apenas em anotações que falariam num certo “amigo de EO” ou “amigo de seu pai” – o “E” seria de Emílio – encontradas na empreiteira.
Uma continha de Lula suspeita? Não. Um bem inexplicável? Não. Jóias, quadros, depósitos no exterior, como os famosos “trusts” de Cunha? Também não.
O delegado Filipe Hille Pace, que produziu este relatório vazado para a imprensa não se preocupa em apresentar provas que que esta pessoa é Lula. Diz que o caso está com outro delegado, mas afirma com base em suas “convicções”.
Basta dizer que Lula “recebeu”, sem mostrar como e onde teria recebido.
Assim como “recebeu” o apartamento”, recebeu o Itaquerão, também recebeu o dinheiro que ali se atribui ao “amigo”.
O Dr. Moro e sua cognição sumária não precisam de mais que isso.
A máquina policial, midiática e judicial está totalmente entregue a cassar um homem.
Sem fatos, sem provas, apenas com acusações vagas que são imediatamente aceitas como verdadeiras.
É um escândalo, mas o Brasil já não tem instituições que sejam capazes de resguardar a honra e a dignidade de cada cidadão brasileiro, se este cidadão se chamar Luíz Inácio Lula da Silva.
Estes delegados jamais agiriam assim se não soubessem que tem o respaldo daqueles a quem vão entregar o lixo insultuoso que produzem, onde às verdades são misturadas, a gosto, as doses de suposição que bem desejarem.
O processo da ditadura policial-judicial avança sem freios e sem sequer que lhe apontem o ridículo.
Vale tudo para ganharem o troféu de prender Lula.
Sua obsessão mas, também, no fundo, o temor de que este país se levante contra estes abusos.
(Artigo originalmente publicado no portal Tijolaço)
Fernando Brito é jornalista