A destruição da economia brasileira e do mercado de trabalho nacional segue em ritmo frenético, na contramão da prometida retomada da atividade produtiva. Tudo graças ao presidente Jair Bolsonaro, seguida da obstinada agenda neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, que está conseguindo fazer de 2020 um ano inesquecível para a maioria do povo brasileiro. Depois de derrubar a economia ao seu pior patamar – queda de 9,7% no segundo trimestre –, o Posto Ipiranga agora pretende seguir na eliminação de empregos com carteira assinada. O país tem 27 milhões de trabalhadores que não procuram emprego, embora desejem trabalhar.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de pessoas ativas no mercado de trabalho – trabalhando ou procurando emprego – cresceu em 823 mil na segunda quinzena de agosto (9 a 15 do mês), frente à semana anterior, o correspondente a um incremento de 1%. O problema é que não há ocupação para todos. Nesse período, o mercado conseguiu absorver apenas 504 mil pessoas, sendo uma parcela na informalidade (126 mil pessoas). Exatamente 319 mil brasileiros foram para as filas do desemprego, formadas agora por 12,878 milhões de pessoas. O número pode piorar. Na segunda semana de agosto, a taxa de desemprego nacional foi de 13,6%, acima da registrada oito dias antes (13,3%).
Levantamento divulgado nesta terça-feira, 8 de setembro, pela Folha de S.Paulo, feito pelo centro de pesquisa The Conference Board, em parceria com o fórum empresarial The Business Council revela que quatro em cada dez presidentes executivos de multinacionais pretendem fechar vagas de trabalho ao longo dos próximos 12 meses. Grandes empresas, como Coca-Coca, Boeing, American Airlines e Estee Lauder estão entre as que já anunciaram cortes nas últimas semanas. Quase 40% dos cerca de 100 presidentes de empresas entrevistados afirmaram que devem cortar em mais de 10% investimentos planejados anteriormente.
Emprego em queda
Em seu histórico pronunciamento à Nação, feito no Dia da Independência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o governo Bolsonaro pela destruição econômica e social do país, agravada desde o Golpe de 2016 que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República. “A massa salarial dos empregados caiu 15% em um ano, o maior tombo já registrado pelo IBGE”, lamentou. Lula criticou os ataques aos direitos trabalhistas empreendidos por Guedes e Bolsonaro, inclusive aos sindicatos. “Querem quebrar a coluna vertebral do movimento sindical, o que nem a ditadura conseguiu”, alertou.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), avalia que a crise social e econômica brasileira vai se aprofundar nos próximos meses, por conta do corte do auxílio emergencial de R$ 600, garantidos pela oposição no Congresso Nacional. “Governo está dando um golpe no povo”, denunciou. Ela lamenta que o governo tenha cortado para R$ 300 o auxílio emergencial, que minimizou os efeitos econômicos da pandemia na economia, já debilitada pela ausência de investimentos públicos e pelo corte nos gastos do governo.
No pronunciamento à Nação feito na segunda-feira, Lula lamentou que o Brasil esteja passando por um dos piores momentos de sua história, com o desemprego em níveis insuportáveis. Mais de 27 milhões de trabalhadores não conseguem sequer procurar trabalho embora desejem ter uma ocupação e emprego. A informalidade mantém-se de maneira muito elevada. O IBGE destacou na sexta-feira que aumentou em 100 mil o número de trabalhadores informais na comparação com a primeira semana de agosto. Com isso, chegou a 29 milhões o número de informais em atividade no país e a taxa de informalidade ficou em 34,1%.
Ataque aos trabalhadores
A situação tende a se agravar, se depender do governo Bolsonaro. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, criticou um dos carros-chefe de Paulo Guedes para enfrentar a crise econômica, o programa da carteira de trabalho Verde e Amarela. A ideia do governo é dispensar as empresas de respeitarem os direitos dos trabalhadores, já que a proposta cria legalmente o salário por hora.
“Vamos retornar ao regime de contrato de trabalho anterior à revolução industrial, o regime do putting-out, em que você pagava por hora, ou por peça”, alertou o economista, em entrevista à Rede Brasil Atual. “Estão dissolvendo as relações salariais. E o efeito disso sobre a economia vai ser muito grave. Porque vai deprimir violentamente o poder de compra da massa de trabalhadores”, denunciou.
Da Redação, com RBA