Dorivan Guajajara, liderança da terra indígena Araribóia, foi encontrado morto, esquartejado, na cidade de Amarante, no Maranhão, no último sábado (14). É a quarta liderança dessa etnia a ser assassinada em dois meses. Para Gilberto Vieira dos Santos, secretário-adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a inação e as declarações de membros do governo Bolsonaro deixam os povos indígenas em situação de total insegurança.
“Nós já tínhamos um processo de violência histórico sem que o Estado fizesse a segurança desses territórios. Nesse último período, nós já identificamos isso logo após as eleições, até o mês de setembro, só os casos de invasões de terras indígenas já haviam ultrapassado em muito os dados do ano passado. Há um aprofundamento dessa ausência do Estado e isso está associado ao discurso do governo Bolsonaro de, na prática, legitimar as invasões”, afirmou Santos, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Além da inação do governo, ao deixar os indígenas em situação vulnerável, as respostas aos casos de violência são apenas formais. A Fundação Nacional do Índio (Funai) se apressou em dizer que a morte de Dorivan não teve nada a ver com crime de ódio ou disputa por terra. “A nota antecipa, como se já houvesse resultado de uma investigação que ainda não foi feita devidamente. É uma antecipação que escamoteia sua função que é justamente acompanhar os povos indígenas. Mas também fazer seu papel que é assegurar todos os direitos dos povos indígenas, inclusive a vida”, explicou o secretário.
No ano passado, 135 indígenas assassinados em 2018, ante 110 no ano anterior. Na última década, pelo menos 50 membros da etnia Guajajara foram assassinados. Mas, ao propor uma ação da Força Nacional de Segurança para proteger os territórios ancestrais, o governo deixou de fora justamente a terra Arariboia. “A grande maioria dos casos de assassinato aconteceram nas proximidades ou com indígenas daquela região. Deixar fora a terra indígena Arariboia é deixar fora uma das principais realidades de violência contra os povos indígenas. Nos dá o sinal de que não há seriedade”, afirmou Santos.