O convênio firmado pelo Ministério da Saúde (MS) com as cinco maiores empresas aéreas do Brasil para deslocar, com prioridade em voos domésticos, órgãos e tecidos para transplantes, gerou um aumento de 22,6% nesse tipo de transporte, de janeiro a abril, segundo informações da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).
Em 2014, foram feitas 2.772 viagens de avião com este fim, reduzindo ao máximo o tempo do deslocamento do órgão, da captação até o transplante. No mesmo período do ano passado, foram 2.260 transportes.
As equipes do Sistema Nacional de Transplante (SNT), do MS, acompanham a disponibilidade nos aviões comerciais, 24 horas por dia, todos os dias do ano, monitorando o fluxo de voos. Elas ficam instaladas no Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA), no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O Acordo de Cooperação Técnica prevê o embarque prioritário e gratuito para as equipes de transplante, visto que os órgãos têm cerca de quatro horas de vida útil depois de retirados.
As aeronaves têm ainda prioridade em pousos e decolagens durante esses deslocamentos. Já os passageiros que decidem, voluntariamente, ceder seus acentos para as equipes do SNT, são oferecidos embarques nos próximos voos.
A dona de casa Cleonice Pereira Barbosa, moradora da cidade de Taguatinga, no Distrito Federal, sofreu um transplante de rins em 2012. Na época, ela chegou a perder a chance de operar porque o rim doado não chegou a tempo à Brasília.
Felizmente, cinco meses depois, outro órgão compatível foi enviado de Santa Catarina, sendo possível então transplanta-la. “Eu estava instalada na hemodiálise quando recebi a notícia. Na hora, não sabia se gritava, contava a notícias para os colegas ou falava ao telefone”, contou, eufórica.
Mãe de três filhas e avó de três netas, Cleonice aproveita hoje com a família o tempo livre que dispõe. A dona de casa passou quase cinco anos fazendo hemodiálise, três vezes por semana, no Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde também foi operada.
Dados – Segundo o Ministério da Saúde, em alguns estados do Brasil, quase 60% dos transplantes realizados necessitam de logística aérea.
O transporte aéreo permitiu a realização de 61,1% dos transplantes de coração no DF. No Rio Grande do Sul, mais de metade dos transplantes de rim (50, 7%) foram feitos graças aos órgãos vindo de outros estados. Em Pernambuco, foram 41% dos transplantes de fígado; no Pará, 54,3% de córnea e no Maranhão, 89%.
A pasta contabiliza um aumento de 236% no transporte aéreo de órgãos, equipes e materiais no Brasil, nos últimos 12 anos.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.