Partido dos Trabalhadores

Em Minas Gerais, Aécio contabilizou vacina para cavalo como despesa com saúde

Indignado, conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais classificou ato como “duro de engolir”

Fraude em dose cavalar: TCE repreende Aécio Neves por maquiar contas em Minas Gerais

Além de nunca ter investido 12% da receita líquida em saúde quando governador de Minas Gerais, o mínimo previsto pela Constituição, o candidato Aécio Neves utilizou uma manobra suis generis para inflar e maquiar os repasses para o setor: em 2004, contabilizou vacinas para cavalos como despesas em saúde pública.

A presidenta Dilma Rousseff trouxe o caso à tona durante debate da TV Record, na noite deste domingo (20). A irregularidade foi apontada pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais Sylo Costa durante reunião para exame das contas governamentais relativas ao exercício de 2004. Na verdade, a verba para vacinação de animais deveria ter sido contabilizada pela Secretaria de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais.

O documento, disponível na internet, mostra a indignação do conselheiro em relação ao caso. A certa altura do relatório, Costa afirma, em reunião do TCE, em 30 de junho de 2005:

“Tenho de confessar que é duro engolir que vacina para cavalo seja contabilizada como despesa com Saúde. Entendo que despesa com Saúde tem de ser aquilo que é gasto com o SUS – Sistema Único de Saúde”.

Desvios – Aécio governou Minas Gerais entre 2003 e 2010. Entre o primeiro ano de gestão e 2011, quando o estado já estava sendo governado pelo sucessor do tucano, Antônio Anastasia (PSDB), a média anual de repasse à saúde pelo governo mineiro foi de apenas 7,37%.

Com o investimento abaixo do previsto pela Constituição, o governo de Minas deixou de repassar R$ 7,8 bilhões para a saúde pública. Como forma de maquiar o orçamento, Aécio também passou a inserir investimentos na Companha de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) como se fossem recursos destinados à saúde.

No entanto, desde 2004 o Tribunal de Contas mineiro recomenda que o governo estadual reduza o repasse a saneamento básico, por este não se configurar investimento direto em saúde.

Na sexta-feira (17), o Ministério Público de Minas Gerais ajuizou nova ação pública contra o governo mineiro sobre o desvio de verbas para saúde pública. O montante questionado chega a R$ 1 bilhão, em 2009, e pode ser somado aos R$ 4,3 bilhões levantados em processos anteriores.

De acordo com o Tribunal de Contas de Minas Gerais, o governo mineiro aplicou apenas R$ 2,3 bilhões na saúde pública do estado, em 2009. Além disso, Aécio repassou R$ 1 bilhão para a Copasa, com a justificativa de que o recurso seria destinado à saúde.

Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias