Os investimentos brasileiros no porto de Mariel, em Cuba, são alvos frequentes de crítica de Aécio Neves e de integrantes do PSDB. Na noite de sexta-feira (24), durante debate na Rede Globo, o candidato aproveitou para, novamente, atacar a obra. “O seu governo optou por financiar a construção de um porto em Cuba, gastando R$ 2 bilhões do dinheiro brasileiro, enquanto os nossos portos estão aí esperando”, disse.
A tentativa de acusar o governo Dilma de não investir em infraestrutura no Brasil em prol de obras em Cuba não se sustenta. Somente de 2011 a 2014, o governo federal investiu R$ 675,8 bilhões em obras para mobilidade urbana, habitação e infraestrutura no País. Nesse meio tempo, foram investidos mais de R$ 1 bilhão no Programa Nacional de Dragagem, dos quais R$ 2,8 bilhões para a infraestrutura portuária e R$ 350 milhões em inteligência logística.
Parte do porto de Mariel, em Cuba, é erguido com dinheiro de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a obra é construída pela empreiteira brasileira Odebrecht.
Ao responder Aécio, Dilma reiterou o fato da obra gerar empregos para trabalhadores brasileiros. “E quero lembrar ao senhor que o governo Fernando Henrique Cardoso também financiou empresas brasileiras para que elas pudessem exportar para Cuba e para a Venezuela”, afirmou.
Ocorre que a boa relação do Brasil com os países da América Latina e Caribe não é coisa recente. Os empréstimos financeiros à Cuba e à Venezuela são datados de mais de 20 anos. Até mesmo FHC autorizou o repasse de mais de US$ 15 milhões à ilha presidida por Raul Castro, em 1998.
O investimento era fruto do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Banco do Brasil, e garantiu a aquisição de alimentos. O empréstimo deveria ser pago em até três anos, sem carência.
Por meio do BNDES, FHC emprestou ainda US$ 28 milhões para a compra de ônibus produzidos no Brasil, no ano de 2000. Assim, o governo cubano adquiriu 125 ônibus para fomentar a atividade turística em Cuba, no valor total de US$ 15 milhões.
No mesmo ano, o Brasil financiou, também por meio do BNDES, linhas do metrô na Venezuela. Aquela mesma chamada de “chavista” atualmente pelo PSDB. O contrato compreendia investimentos para a construção do primeiro trecho na Linha VI do Metrô de Caracas. A obra seria feita pela Odebrecht, mesma construtora responsável pela expansão no porto de Mariel. Foram investidos um total de US$ 183 milhões no projeto, sendo US$ 107 milhões fruto de financiamento do BNDES.
Outra obra de infraestrutura financiada pelo banco brasileiro no País foi a construção e reforma da Rota 10, trecho Tacuara-Katueté, no Paraguai, com extensão de 180 km. Para a execução do projeto, foram emprestados US$ 67,5 milhões de bens e serviços e US$ 22,5 milhões para gastos locais não especificados.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.