Quase um mês após o segundo turno das eleições presidenciais, os candidatos derrotados Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) ainda prometem oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas, por enquanto, ficaram apenas na promessa.
Para o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), a oposição aguarda a movimentação do governo Dilma para definir as próximas ações. “Nesse momento, está todo mundo em compasso de espera, a não ser nessa questão do superávit primário. A oposição está em um momento de reorganização”, explica Nicolau.
Marina Silva tenta se manter nos holofotes com postagens nas redes sociais com críticas ao governo e em coletivas de imprensa para tratar do futuro da Rede Sustentabilidade. Aécio Neves prossegue o mandato como senador de Minas Gerais, mas mantém o velho hábito de pouco frequentar as sessões do Senado Federal.
Após retornar ao Congresso Nacional, em 5 de novembro, ser recebido por uma alegre claque e prometer fazer oposição “incansável, inquebrantável e intransigente”, Aécio compareceu a apenas cinco votações em plenário. De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, desde o fim do segundo turno, o Senado Federal 11 votações em plenário.
Além disso, Aécio não se fez presente no dia-a-dia do Congresso em momentos importantes do calendário político nacional, como a discussão do projeto que autoriza o governo a alterar a meta fiscal do orçamento deste ano. O senador também não compareceu às sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, nem mesmo após a sétima fase da operação Lava Jato ter sido desencadeada.
A atuação como senador é, portanto, a mesma dos últimos quatro anos, período em que não aprovou nenhum projeto. De acordo com o portal do Senado, o tucano apresentou 16 projetos de lei e duas Propostas de Emenda à Constituição, mas nenhuma matéria foi aprovada, até então.
Ao contrário de Aécio Neves, Marina Silva não mantém nenhuma atividade parlamentar, mas apenas política. Desde 2010, quando foi candidata à Presidência pelo Partido Verde, Marina dedica-se ao Instituto Marina Silva, pelo qual realiza palestras e discussões sobre projetos de sustentabilidade. Após a recente derrota de 2014, a ex-candidata voltará a tentar o registro da Rede Sustentabilidade, negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse ano.
Segundo Jairo Nicolau, Marina saiu das eleições menor do que entrou. Para ele, a criação de um partido próprio tornou-se fundamental para o futuro político da ex-candidata à Presidência pelo PSB.
“O fato de ela não ter um partido pode atrapalhá-la na política. Ela pode viver bem com o instituto, mas para continuar na vida partidária ela precisa organizar a Rede e ter candidatos próprios nas eleições de 2016”, afirma Nicolau.
Em coletiva à imprensa, concedida após reunião da Executiva Nacional da Rede, realizada entre os dias 22 e 23 em Brasília, Marina anunciou que irá desfiliar do PSB, até março de 2015. Além disso, ela disse precisar de mais 32 mil assinaturas para registrar a Rede Sustentabilidade no TSE. São necessárias 484,5 mil assinaturas para o registro de criação de partido.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias