Em visita ao Rio Grande do Sul, neste sábado (18), o candidato Aécio Neves (PSDB) demonstrou total desconhecimento sobre a grandeza da indústria naval brasileira, negando o salto que o setor teve nos últimos 10 anos, fruto da Política de Conteúdo Nacional. Para atrair votos, o tucano ousou em prometer o que já foi feito pelos governos do PT e disse que os investimentos no setor serão “feitos no Brasil”.
A afirmação chamou a atenção da presidenta Dilma Rousseff (PT), que de pronto respondeu: “É estarrecedor que Aécio coloque em seu programa que racionalizará a indústria naval e depois dizer que investirá”, publicou em sua conta no Twitter. De fato, consta do programa de governo de Aécio a intenção de “racionalizar as exigências de conteúdo nacional”.
O programa de Aécio traz críticas às políticas adotada pelo atual governo, que chama de “ineficiente” e defende que sejam adotados subsídios diretos para atividade. Diz ainda que as exigências de conteúdo local aumentam os custos dos produtores, reduz a competitividade e os incentivos em inovação.
Mas estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), desmente os argumentos tucanos e afirma que a forte retomada da indústria naval, a partir dos anos 2000, trouxe importantes impactos para a economia brasileira, principalmente com a geração de emprego e renda.
Na primeira década do século 21, a indústria naval brasileira ressurgiu e passou a crescer 19,5% ao ano, segundo o coordenador de Infraestrutura do Ipea, Carlos Campos Neto. Do ponto de vista do emprego, as vagas cresceram mais de dez vezes. Passaram de 7,5 mil em 2003 para os atuais 81 mil.
O setor, que estava sucateado, ressurgiu após o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar a construção dos navios da Petrobras no Brasil.
O texto cita ainda reflexos positivos para o desenvolvimento de fornecedores nacionais, aumento de oportunidades para a expansão de processos de inovação e de novas tecnologias, aumento da capacidade de conquista de mercados externo, além de efeitos significativos sobre a formação bruta de capital fixo.
De fato, diferente do que acontecia nos anos de governo FHC, quando o setor empregava apenas pouco mais de sete mil trabalhadores, hoje passam de 81 mil pessoas trabalhando na cadeia da indústria naval. A previsão é de que até 2017, o número de postos de trabalho chegue a 100 mil. Na época, o Brasil importava navios de Cingapura e da Coreia do Sul e acabava por gerar empregos apenas nesses países.
A Política de Conteúdo Nacional foi criada em 2003 e é a grande responsável pelo crescimento e fortalecimento do setor. “A base da política é produzir aqui o que deve e pode ser produzido no Brasil com preço, prazo e qualidade”, disse a candidata do PT à reeleição em entrevista coletiva, neste sábado.
Quarta maior – A indústria naval brasileira é hoje a quarta maior do mundo e registra plena expansão. Somente em 2013, foram construídas em território nacional sete plataformas de produção de petróleo, dois navios petroleiros de grande porte, 21 navios de apoio marítimo, dez rebocadores portuários e 44 barcaças de transporte.
A previsão para este ano é que sejam entregues mais 18 plataformas, 28 sondas de perfuração, 43 navios-tanque. A perspectiva do setor é entregar ainda, até 2020, 88 navios, 198 barcos de apoio, 28 sondas de perfuração e 31 plataformas, demandas da exploração das camadas do Pré-sal.
Segundo a presidenta Dilma, somente com a nova política, foi possível retomar as atividades dos polos navais do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, onde foram reativados 11 estaleiros e outros quatro estão em construção.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias