Partido dos Trabalhadores

Aécio quis falar de corrupção, mas não explicou aeroporto e nepotismo

Dilma citou as iniciativas que permitem mais investigações pela PF e promotoria tomadas durante seu governo

A presidenta Dilma Rousseff aceitou o debate sobre corrupção proposto pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, no primeiro debate do segundo turno, da TV Bandeirantes, na noite de terça-feira (14).

Além de apresentar as medidas de prevenção e investigação tomadas durante o atual governo, demonstrando rigor com o bem público, ela perguntou ao tucano como ele explica o caso do aeroporto de Cláudio e as denúncias de nepotismo envolvendo sua família.

“Você construiu um aeroporto ao lado da fazenda de um familiar e entregou a chave para ele. O aeroporto que valia R$ 13,9 milhões, agora custa 18 milhões. Queria que você ressaltasse o que ocorreu”, solicitou.

Em resposta, Aécio argumentou dizendo que o Ministério Público atestou a regularidade das obras. Dilma rebateu o oposicionista dizendo que ele está “extremamente enganado” sobre a decisão do MP, que não aceitou a investigação criminal, mas aceitou a investigação do aeroporto de Cláudio sobre improbidade administrativa.“O senhor sabe o que é improbidade administrativa?”, questionou.

A presidenta acrescentou ainda o ex-governador de Minas Gerais pratica o nepotismo, onde cinco parentes do tucano possuem em cargos públicos no estado.

Petrobras – Questionada sobre as denúncias da Petrobras, Dilma afirmou ser fundamental que “nós saibamos tudo sobre os processos da operação Lava Jato” e que sua postura é de combate à impunidade. “A minha indignação inclusive no caso da Petrobras é a mesma de todos os brasileiros”, disse. Em sua gestão, Dilma regulamentou as leis 12.830, que garante a independência do delegado, e a 12.550 sobre delação privilegiada. Ao final, questionou o resultado dos escândalos dos casos envolvendo o PSDB.

“Onde estão os envolvidos na compra de votos da reeleição? Onde estão os envolvidos no mensalão mineiro? E no caso de trensalão tucano? Todos soltos”, afirmou. Aécio refutou comentar os casos sem entrar no mérito da quetão, dizendo que se tratam de assuntos “completamente diferentes”.

Saúde – A presidenta abriu o primeiro bloco do debate da Band lembrando o candidato Aécio Neves que o PSDB se posicionou contrário à CPMF, medida que contribuiu para a perda de R$ 260 bilhões em recursos para a Saúde. Dilma apresentou ainda dados do Tribunal de Contas que mostram que Aécio, quando governador de Minas Gerais, deixou de investir R$ 7,6 bilhões para investimentos na Saúde.

Aécio desconversou sobre os números citados pela presidenta e argumentou que Minas Gerais possui a terceira melhor saúde da região Sudeste. Em réplica, Dilma apresentou números da rede de atendimento de emergência, o SAMU, “Vocês não cumprem os principais programas e o SAMU tem um dos piores desempenhos no país. Em 38% dos municípios, 45% da população não tem SAMU”.

Educação – Ao falar sobre Educação, Dilma questionou Aécio se ele pretende dar prosseguimento ao Pronatec, caso seja eleito. A presidenta afirmou que durante a era FHC, apenas 11 unidades de escolas técnicas foram construídas, porque o ex-presidente tucano teria proibido em lei ampliar a rede federal de ensino. “Elevamos esse número em 1600%, totalizando 280 unidades”, enumerou. Em resposta, Aécio disse que o Pronatec é uma inspiração nas Etecs do governador Geraldo Alckmin e nas Pecs que ele teria feito em Minas.

Em réplica, Dilma disse que os programas referidos são pequenos e pilotos e muitos deles sequer são gratuitos. “Hoje o Pronatec tem 8 milhões de matrículas”, o que teria mudado o cenário de desemprego, que, em 2002, tinha a segunda maior taxa do mundo, perdendo apenas para a Índia. “Vocês conseguiram ter 11,4 milhões de desempregados”, relembrou Dilma.

Crise econômica –Dilma Rousseff questionou o tucano sobre geração de empregos e falou sobre a lógica do retrocesso, onde o governo tucano adotaria uma postura de redução de empregos para controle da crise econômica. “70% dos brasileiros ganham dois salários mínimos e queremos melhorar. Só uma pessoa que não tem sensibilidade acredita que alguém sem emprego é melhor do que com este emprego”, disse a presidenta.

Aécio reclama – Em várias ocasiões durante o debate, Aécio reclamou da campanha de TV de Dilma Rousseff, alegando que ela adotou uma postura de ataque aos opositores. O governador da Bahia, Jaques Wagner, no intervalo, disse que Aécio perde muito tempo reclamando da propaganda de TV da Dilma e não faz o que eleitor quer ouvir, que é debater propostas.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias