As irregularidades na construção do aeroporto na fazenda do tio-avô de Aécio Neves (PSDB), em Cláudio (MG), serão investigadas pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF-MG). No último dia 17, a Procuradoria da República de Divinópolis (a 50 km de Cláudio) entrou com uma ação no MPF para apurar se o candidato à Presidência da República cometeu alguma ilegalidade. Apesar de ter sido construído com recursos públicos (quase R$14 milhões), o aeroporto fica trancado e a chave pertence à família de Aécio.
Denúncias apontam que o aeroporto funcionava sem a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e tem uso privado. Para utilizar a pista é necessário pedir autorização para os filhos de Múcio Guimarães Tolentino, dono da fazenda. Segundo um deles, Fernando Tolentino, pelo menos um avião pousa ali por semana, e Aécio, pessoalmente, costuma usar a pista de seis a sete vezes por ano.
Múcio era prefeito de Cláudio quando a primeira pista foi construída em sua fazenda. Na época, Tancredo Neves era o governador de Minas Gerais. Porém, o terreno deveria ter sido desapropriado e passado para a prefeitura de Cláudio, o que nunca ocorreu. Já no governo de Aécio, a mesma área foi selecionada para a construção do aeroporto.
Ao desapropriar o terreno, o governo de Minas resolveu uma antiga questão de Múcio. Como ele teve seus bens bloqueados, por causa de uma ação do Ministério Público Estadual, ele não poderia vender a fazenda. Mas, com a desapropriação, ele passou a ter o direto de receber R$1 milhão.
De acordo com o candidato, a pista beneficiou, e muito, os 30 mil habitantes do município. A importância econômica da região é modesta e se sustenta, basicamente, de artesanato. A vizinha Divinópolis, que fica a apenas a 50 km, já tinha aeroporto quando o de Cláudio foi construído.
Por Alessandra Fonseca, da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo