Partido dos Trabalhadores

Agricultores do MST sofrem prejuízos com as chuvas no RS, mas resistem e socorrem

Pelo menos 420 famílias foram afetadas pelos alagamentos com inundações de suas casas, entre outros prejuízos

MST /RS

Apesar da devastação sofrida, o MST tem atuação de destaque no auxílio às vítimas tanto do movimento como da população

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também foi duramente atingido pelas chuvas e enchentes que devastam boa parte do Rio Grande do Sul, desde o final de abril. São 420 famílias afetadas pelos alagamentos com inundações de suas casas, e outros prejuízos que sofreram. Destas, 290 estão desabrigadas, 95 bovinos foram mortos, além da plantação e estoques de arroz (orgânico e comum), em torno de 10 tonelada, perdidos.

Na região metropolitana de Porto Alegre, das 200 famílias assentadas que se dedicam ao cultivo de hortaliças e frutas, pelo menos 170 perderam toda a produção, em uma área equivalente a 250 hectares. Só neste segmento de agricultura e na região, a estimativa de prejuízo chega a R$ 35 milhões, tendo como referência os 12 principais produtos plantados que se perderam, além de casas, sementes, ferramentas de trabalho e objetos diversos.

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São estes os assentamentos que sofreram mais fortemente os efeitos das chuvas e enchentes: Santa Rita de Cássia e Sino, em Nova Santa Rita; 19 de Setembro, em Guaíba, Integração Gaúcha (IRGA), Colônia Nonoaiense (IPZ), em Eldorado do Sul; Tempo Novo, em Taquari e Viamão.

“Foi perdido quase tudo. Como já sofremos com enchentes passadas, plantamos fora de época e, por conta disso, já teríamos uma colheita menor, porque aí o clima não ajuda. O mês de plantar arroz é outubro, novembro, e nós plantamos quase tudo em dezembro e janeiro”, afirma Dionéia Rogrigues Ribeiro, diretora da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados do RS (Cootap), em entrevista ao Jornal Folha de SP.

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Das 290 famílias desabrigadas, informa Dionéia, 38 retornaram para seus lotes. Este retorno foi possível porque o MST conseguiu comprar um barco com recursos de doações que recebeu. Os assentados têm navegado até os locais onde estão suas casas e pertences para verificar a dimensão dos danos causados e analisar a possibilidade de retorno. Na grande maioria dos casos, no entanto, a situação de perda é irreversível, sobretudo nas casas de madeira.

Resiliente e determinada, Salete Carollo, da direção estadual do MST no RS, menciona a urgente necessidade de um projeto sustentável de reconstrução, “mas com mudança drástica do modelo de sociedade, de manejo ao meio ambiente e de produção agrícola”.

Afirma, ainda, a dirigente, que “essas catástrofes acontecem como resposta da natureza, que cansou. Isso é resultado da ação humana. O sistema capitalista em que vivemos, em que o lucro está acima de tudo, vem gradativamente destruindo tudo”.

Apesar da devastação sofrida, o MST tem atuação de destaque no auxílio às vítimas tanto do movimento como da população em geral. Para isso, montou uma cozinha solidária no assentamento Filhos de Sepé, no setor D, na cidade de Viamão. Lá, são produzidas, diariamente, cerca de 1.500 marmitas para as famílias atingidas em Eldorado do Sul. Também organizam kits com materiais de limpeza e outros com itens básicos de saúde que são destinados aos desabrigados.

Da Redação