O abastecimento de água potável nos próximos meses às populações das três maiores regiões metropolitanas do país começa a ser tratado como crítico. Haverá adoção de medidas restritivas de consumo, admitem autoridades estaduais e federais.
Só na região metropolitana de São Paulo, são 20 milhões de habitantes; outros 16,5 milhões estão na bacia do Paraíba do Sul, no Rio; enquanto, em Minas, o risco alcança cerca de 5 milhões de pessoas no entorno de Belo Horizonte.
Portanto, um total de mais de 40 milhões de pessoas correm risco de passar por medidas de racionalização e racionamento de água em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – esta ingressa no clube das regiões com risco iminente de desabastecimento somente nesta última semana.
O governo tucano de Minas, vencido nas eleições passadas após 12 anos no poder, teria sonegado propositalmente informações sobre a crise hídrica no estado à população, agora explícita e com contornos dramáticos
Ao mesmo tempo, o fornecimento de energia passou a ser considerado também sob risco de intervenções pelo governo federal. Nos dois casos, a alegação das autoridades é que faltam chuvas para encher os reservatórios.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga condicionou, em declarações à imprensa no final dessa quinta-feira (22), a oferta de luz elétrica ao mínimo de 10% de água nos reservatórios das usinas geradoras.
Hoje os estoques das represas nas regiões Sudeste/Centro-oeste estão em 17,4%, segundo o operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico, enquanto o Nordeste está com 17,18%, e, o Norte, com 35,2%. O Sul, com 67,17%, não tem problemas.
A estabilidade do fornecimento depende agora de quanto tempo esses 7 pontos porcentuais vão demorar para baixar do nível “prudencial” indicado pelo ministro. A esperança geral é que chova em padrões habituais para a época do ano.
Segundo Braga, a questão hidrelétrica e o abastecimento de água já preocupam o governo. Seu ministério, junto com o do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas (ANA) criaram um comitê de acompanhamento do problema.
Colapso – Ao contrário da Sabesp, companhia que fornece água aos paulistas, a Copasa mineira nunca informou o nível dos reservatórios no estado, que aparecem agora como próximos de um colapso.
A presidente da estatal mineira, Sinara Meireles, na quinta-feira (22), anunciou, sem qualquer alerta oficial anterior das autoridades mineiras, a adoção de medidas duras de contenção do consumo.
Ela apelou ao usuário para reduzi-lo em 30%. Só isso poderá impedir adoção de rodízio, aplicação de multas e racionamento. Ela tem apenas três semanas no governo petista de Fernando Pimentel, responsável pela vitória que afastou o PSDB do poder em Minas.
Sinara disse que o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) deve reconhecer a gravidade da situação ainda nesta sexta-feira, de forma a dar ao governo estadual condições de editar medidas emergenciais, inclusive campanhas educativas.
Durante quase todo ano de 2014, a falta de chuvas e o agravamento das condições de abastecimento lançaram as atenções do país apenas para os riscos vividos pelas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
As condições de escassez de água em reservatórios como a Cantareira (SP) e os do rio Paraíba do Sul (RJ) tornaram-se públicas e presentes na rotina nacional. Minas Gerais corria ao largo de todas as manifestações de preocupação.
Mas os reservatórios que abastecem a Grande BH também correm risco iminente de secar. Os sistemas Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, do Sistema Paraopeba, operam com 30% da capacidade; há um ano, o índice era de 78%. Serra Azul tem o pior nível (5,73%).
Outra medida anunciada pela Copasa, e que também preocupa o governo paulista, é tentar reduzir o desperdício de 40% da água tratada que corre nas redes. Meirelles também prometeu publicar diariamente informações sobre o nível dos reservatórios da região metropolitana.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias