A presidenta Dilma Rousseff se reuniu, nesta segunda-feira (10), com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para tratar da crise hídrica que afeta o estado. Após o encontro, realizado no Palácio do Planalto, em Brasília, Alckmin disse precisar de R$ 3,5 bilhões para a realização de oito obras. Segundo ele, as construções servirão para o enfrentamento da crise do abastecimento de água na região a partir de 2015.
“O que nós propusemos ao governo federal foram novas obras, oito obras, e o valor será de R$ 3,5 bilhões”, afirmou o governador.
“O governo de São Paulo precisará do máximo que (o governo federal) puder dar. Pode ser recurso a fundo perdido, do Orçamento Geral da União, ou pode ser financiamento, e nós temos uma boa capacidade de financiamento,” explicou.
Em coletiva após a reunião, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, informou que o governo de São Paulo ainda não apresentou projetos para algumas obras e que, por isso, ainda não foi definido se o governo federal repassará toda verba solicitada pelo estado.
Além disso, a ministra afirmou não ter sido discutido de onde serão retirados os recursos para o envio à São Paulo. “Se nessa conversa estiverem claras as importâncias dessas obras poderemos até apoiar tudo, mas isso vai depender de uma discussão”, disse.
Segundo Alckmin, o governo construirá dois reservatórios em Campinas, a adução dos reservatórios, a Estação de Produção de Água de Reuso Sul de São Paulo, a interligação do Jaguari com o Atibaia, a interligação do Rio Grande com o Guarapiranga e poços artesianos no Aquífero Guarani.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, das oito obras solicitadas pelo governo de São Paulo, a de menor tempo levaria 9 meses para ser concluída e a maior, 30 meses.
Segundo ela, Alckmin também não tratou da desoneração de PIS/Cofins para empresas de saneamento. “A desoneração precisa estar vinculada à existência de investimentos. Se for o caso de fazer isso, precisamos que seja destinado a novos investimentos”, explicou a ministra.
Izabella lembrou o trabalho feito pelo governo federal desde o início de 2014 para alertar o governo de São Paulo sobre a seca. Além disso, a ministra ressaltou que o governo está em sistema de alerta em relação à crise hídrica paulista.
“É importante ressaltar que o Sistema Cantareira é operado pela Sabesp. Estamos conduzindo a melhor administração possível da água que chega ao Cantareira”, explicou Izabella.
Racionamento – Após a reunião com a presidenta, Alckmin voltou a negar racionamento de água na região. Ele afirma que o abastecimento está garantido para 2015.
“Não há esse risco. Nós já temos repetido isso desde o início do ano, nós temos em São Paulo um sistema extremamente forte e nós nem entramos na segunda reserva técnica do Cantareira”, justificou o governador.
Apesar dos episódios de chuva repetirem-se em diversos estados, os mananciais que abastecem a Grande São Paulo continuam com os níveis em declínio. Nesta manhã, por exemplo, o Sistema Cantareira caiu 0,1 ponto percentual e bateu a marca 11,3%, segundo informações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). EA medição considera as duas cotas do volume morto. Outros 1.246 municípios brasileiros decretaram situação de emergência.
Diante da situação, os mananciais que abastecem a região paulistana registram quedas preocupantes. O Rio Claro passou de 39,2% para 38,5%. Baixou, também, o nível do Sistema Alto Tietê, de 8,3% para 8,2%; e do Guarapiranga, que reduziu 0,2 ponto percentual e passou de 36,6% para 36,4%. Cada um abastece 4,5 milhões e 4,9 milhões de pessoas, respectivamente.
Tambaú, a 256 km de São Paulo, completará, na próxima semana, 200 dias de racionamento.
“Hoje o abastecimento é feito em forma de rodízio, a cidade está dividida em quatro setores e cada um deles recebe água durante 16 horas seguidas de 48h de racionamento”, informou a prefeitura ao portal UOL.
Assista à entrevista da ministra Mirim Belchior com o detalhamento dos projetos para o estado
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias