Nos últimos dias estamos presenciando uma grave situação que afeta o já desmantelado Ensino Público Estadual de São Paulo.
Mesmo com a luta de alunos, pais e professores, o governador Geraldo Alckmin manteve a postura autoritária, que já é de costume, para tratar de outros temas, para lidar com a educação de nossas crianças e nossos jovens, tentando forçar o povo paulista a aceitar a chamada reorganização escolar, sem abrir canais de diálogo ou mesmo sem consultar os envolvidos.
Enquanto o governo federal e diversos governos estaduais e municipais, como é o caso da gestão Haddad na capital, vêm ampliando a participação social, com audiências públicas, conselhos e canais diretos com a população, Alckmin e sua turma decidem com uma canetada fechar mais de cem escolas pelo estado (depois recuraram um pouco nos números, mas ainda beira uma centena de fechamentos), utilizando critérios apenas “contábeis”, maquiados com um discurso de “melhoria” da educação.
Uma pergunta pertinente é: como é possível melhorar a educação sem ouvir a comunidade escolar, suas realidades e suas demandas?
O autoritarismo vai além da forma como o processo vem sendo feito.
A luta por uma educação de qualidade e contra o fechamento de unidades de ensino levou estudantes a ocuparem dezenas de escolas pelo estado.
Em todos os casos, a PM foi chamada para agir contra alunos, utilizando métodos de coação e intimidação, ou até mesmo a violência. Professores que não aceitaram os métodos truculentos da polícia foram repreendidos e até presos. O autoritarismo é tanto que desrespeita até decisão judicial: apesar do impedimento de reintegração das escolas, a PM agiu com truculência e entrou uma na região da M’boi Mirim, com grande violência, e retirou os alunos.
Mostrou desrespeito com educadores e o quanto esse governo está disposto a não recuar na implantação de sua agenda neoliberal de redução do estado, usando como ferramenta o sucateamento de tudo que é público, obrigando a população a correr à iniciativa privada.
Além disso, grande parte das escolas na lista de fechamento fica em bairros de periferias, o que pode agravar ainda mais a condição de milhares de jovens paulistas, que têm a escola como o único equipamento público acessível.
Tão fraco quanto a capacidade de diálogo do governo do estado é o conjunto de argumentos para fechar essas escolas.
Reorganizar não significa, e nunca vai significar, fechar.
Uma verdadeira reorganização passa por manter os prédios, garantir infraestrutura de salas e laboratórios, ampliar os espaços esportivos e as bibliotecas, promover integração entre as instituições e seus entornos, levando a comunidade para o meio escolar e criando uma noção de pertencimento e valorização da convivência.
Reorganizar é valorizar o professor, com salários adequados, segurança e melhores condições de trabalho, garantindo novos concursos para substituição dos educadores aposentados e melhoria dos planos de carreira para docentes.
Reorganizar é ampliação do ensino técnico e profissionalizante, e a descentralização do ensino superior, levando às periferias alternativas de educação profissional e graduação para nossos jovens.
No entanto, a reorganização de Alckmin é fechar escolas e manter-se longe do debate. As cenas de policiais cercando nossas escolas, enquanto os estudantes se trancam lá dentro e clamam por uma educação verdadeira e cidadã é o símbolo desse Governo que fecha escolas e abre presídios.
Alencar Santana Braga é deputado estadual (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar “Guarulhos quer metrô” e presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa de São Paulo