É inaceitável a agressão sofrida por professores da rede pública de São Paulo, que estavam mobilizados de forma pacífica na Câmara Municipal, nesta quarta-feira (14), contra o projeto do prefeito João Doria, que quer aumentar a contribuição do servidor público para Previdência municipal. A livre manifestação é um direito constitucional, fruto de ampla mobilização social e de anos de muita luta e resistência contra regimes autoritários, em nosso país.
As autoridades policiais existem para zelar pela segurança e pelo bem dos cidadãos. Entretanto, não é a primeira vez que, nos governos tucanos de Dória e de Alckmin, a força policial é acionada para reprimir de forma violenta, inclusive com o uso de bombas de efeito moral e de balas de borracha, mobilizações populares, que protestam contra decisões de seus respectivos governos.
É mais do que legítimo que os professores questionem a iniciativa de Doria de aumentar a contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14% e, ainda, o estabelecimento de uma alíquota suplementar temporária. São trabalhadores e trabalhadoras lutando pelos seus direitos.
Ao invés de abrir diálogo e uma mesa de negociação, como é próprio dos governos democráticos, é lamentável constatar que o ainda prefeito de São Paulo sempre reaja de forma autoritária e truculenta contra quaisquer críticas realizadas à sua breve gestão.
Em tempos de avanço do autoritarismo, da intolerância e da repressão, temos o dever de defender a nossa frágil democracia e o direito de mobilização e de livre manifestação. Ainda que o golpe de 2016 tenha fissurado o pacto democrático da Constituição de 1988, não nos tirou o direito de lutarmos por um Brasil mais justo, mais inclusivo e com maiores oportunidades para todos e para todas.
Aloizio Mercadante, ex-ministro da Educação