O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ficou em 53,2 pontos em outubro, ante os 53,3 pontos registrados em setembro. É o que mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quarta-feira (9). Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, o resultado pode ter relação com o aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central.
Com esse diagnóstico, a CNI mais uma vez confirma o efeito nefasto da política de juros altos praticada pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, que sufoca a capacidade de investimentos do setor produtivo, prejudica também os consumidores e trava a retomada do desenvolvimento do país.
“O ICEI vinha de duas altas consecutivas antes da estabilidade vista em outubro, que é o primeiro mês depois da elevação da taxa de juros. Como a avaliação dos empresários sobre as condições atuais e sobre as expectativas para a economia brasileira interrompe a trajetória de alta e estaciona em patamar negativo, é possível que isso esteja atrelado à alta da taxa Selic”, avalia Marcelo Azevedo.
“Já as avaliações dos empresários com relação à sua própria empresa, tanto as expectativas quanto a avaliação das condições correntes, seguem positivas, com índices acima de 50 pontos. Isso não mudou na passagem de setembro para outubro, o que se traduziu em uma estabilidade da confiança do empresário”, acrescenta.
Leia mais: Em ata, BC escancara posição contra o desenvolvimento, o emprego e a renda no país
Componentes do ICEI não variaram significativamente
Antes em 49 pontos, o Índice de Condições Atuais está em 48,8 pontos. Em outubro, a avaliação dos entrevistados quanto ao momento das próprias empresas passou de 51,3 para 51,1 pontos. Já a percepção dos industriais sobre a economia variou de 44,4 para 44,2 pontos.
O Índice de Expectativas, por sua vez, não mudou. Segue em 55,4 pontos. A avaliação dos empresários da indústria para a economia nos próximos seis meses saiu de 49,1 para 49,2 pontos. A confiança deles quanto ao futuro próximo de seus próprios negócios permaneceu em 58,5 pontos.
O ICEI de outubro mantém a tendência observada nos últimos meses: industriais confiantes em relação às próprias empresas e desconfiados com a economia do país.
“Excesso de conservadorismo”
Em setembro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, a CNI classificou a medida como um “excesso de conservadorismo”, uma vez que a inflação no país está controlada. Em agosto, por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registrou queda de 0,02%.
“Os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que um aumento da Selic seria equivocado”, declarou Ricardo Alban, presidente da entidade, também alertando para as consequências negativas sobre a atividade econômica, o emprego e a renda.
Segundo ele, a medida coloca o Brasil na contramão do que o resto do mundo está fazendo, especialmente os Estados Unidos, que reduziram suas taxas de juros em 0,5 ponto percentual no mesmo dia do anúncio do Copom.
Leia mais: O jugo dos juros: a asfixia da economia brasileira
Da Redação, com informações da CNI