Partido dos Trabalhadores

Alto Tietê seca mais rápido que o Cantareira

No ritmo atual, o reservatório estará vazio em 97 dias e a previsão é que a política tucana de esgotamento das reservas até a eleição deixará os paulistas sujeitos a uma crise hídrica sem precedentes

Desde julho, o armazenamento do segundo maior reservatório de São Paulo está apresentando uma queda de 0,2 pontos percentuais diariamente.  Segundo cálculos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, o volume útil deve acabar em 97 dias. “O governador Geraldo Alckmin vai chegar até o fundo do poço, literalmente, para não ter que decretar racionamento em São Paulo antes das eleições”, diz o presidente do Comitê e prefeito de Embu, Chico Brito (PT).

A vazão de retirada do sistema, que antes era de 10 metros cúbicos por segundo (m³/s) subiu para 15m³/s, nos últimos meses.  Com a estiagem e o agravamento da crise do Cantareira, o Alto Tietê virou a principal alternativa do governo estadual para abastecer São Paulo.

Além de usar a reserva técnica do Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou que também vai utilizar o volume morto do Alto Tietê para não ter que decretar racionamento. O ritmo de queda do Alto Tietê está similar ao do Cantareira durante a Copa do Mundo, período em que o consumo de água foi maior.

A pouca chuva também contribuiu para a redução da capacidade do reservatório. Em junho e julho, a pluviometria acumulada ficou bem abaixo das médias históricas de cada mês; 29,5 milímetros (mm) contra 49 mm, em junho; e, 11,2 mm contra 52,2 mm, em julho.

Desde 15 de maio, quando a Sabesp iniciou a captação do volume morto do principal reservatório, até esta segunda-feira (11), o Alto Tietê perdeu 14,2 pontos percentuais do seu volume total, enquanto o Cantareira perdeu 12,9 pontos percentuais.

Isso representa uma perda de mais de 74 bilhões de litros de água. No ano passado o governo estadual já havia sinalizado que a utilização do volume morto traria consequências graves à população de São Paulo.

“Num plano de contingência responsável você tem que estabelecer qual o limite mínimo do reservatório que você vai deixar de água. Já está acabando a primeira parte do volume morto. Vão começar a utilizar a segunda cota agora no final de agosto. Estão esgotando o Alto Tietê. Daqui a pouco, vai ser o Guarapiranga”, alerta Brito.

 

Plano Diretor – O plano diretor da Macrometropole, que começou a ser elaborado há seis anos, alertava que se acontecesse ainda em 2008 algo similar com o ocorrido em 54 (pior estiagem já registrada na história) apenas 10% da população de Campinas e 50% de São Paulo teria água. “Quando começar a estiagem do Alto Tietê vai acontecer uma catástrofe. Ampliou-se o uso do sistema para abastecer as regiões do Cantareira. Está entrando pouca água e saindo muita. Até a eleição o Alckmin não adotará o racionamento legal e nós podemos ter uma insegurança hídrica muito agravada”, explica.

Segundo levantamento publicado pelo jornal Folha de São Paulo, 2,1 milhões de pessoas estão submetidas a racionamento não oficial, o equivalente a 1 em cada 20 habitantes do estado.

Em Guarulhos, segunda maior cidade do estado, a Sabesp cortou em mais de 15% do envio de água. “As cidades que não são operadas pela Sabesp estão em racionamento desde fevereiro. O Alckmin está mandando menos água para eles para ter água na capital”, diz Brito.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias