O espírito de vira lata que tomou conta do governo Bolsonaro levou mais um golpe pelas costas de seu questionável aliado. Ontem, o presidente Donald Trump anunciou que os EUA cogitam impor restrições às viagens oriundas do Brasil. No indisfarçável tom preconceituoso com que trata a comunidade latina em seu pais. Trump disse “não querer pessoas infectando o seu povo”,
O parceiro de negacionismo, no entanto, tem boa parte de culpa na situação que poderá impedir os brasileiros de ingressarem no território norte-americano. Bolsonaro é responsável pelo pior cenário da pandemia na América do Sul, com o país caminhando para se tornar o principal foco mundial em infecção e mortes, inclusive à frente dos EUA. O Brasil é o terceiro país em casos de contaminação, atrás apenas dos Estados Unidos e da Russia.
Para amenizar a declaração, Trump anunciou a doação de US$ 3 milhões para contribuir com o governo brasileiro no combate à pandemia. “Não quero que as pessoas venham aqui e infectem o nosso povo. Também não quero pessoas doentes lá. Estamos ajudando o Brasil com ventiladores (sic)”, disse. Atualmente, apenas um respirador citado por Trump está custando em média US$ 50 mil no mercado mundial.
A última manifestação de Trump em relação ao Brasil é mais uma expressão do equívoco da atual política de alinhamento servil do governo Bolsonaro aos Estados Unidos. Até a oferta da ajuda que os jornais tentaram classificar como “milionária”, a relação de subserviência do governo brasileiro nada rendeu ao país. Ao contrário, deixou o Itamaraty calado quando os Estados Unidos sequestraram respiradores destinados aos governadores do Nordeste, vindos da China. E contaminou a comitiva de Bolsonaro em sua última viagem à matriz.