A trajetória do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) e os caminhos para o futuro da militância foram destaques no Café PT desta sexta-feira (14), que recebeu o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Paulo Okamotto.
Ele refletiu sobre os desafios da atualidade e exaltou os 45 anos do partido, que fez aniversário no último dia 10 de fevereiro.
“Se a gente levar em consideração que esse partido só tem 45 anos de idade e, nesse tempo, teve uma participação importante na luta pela democracia, pelas eleições diretas, contra a ditadura, teve um papel extraordinário na constituinte e na construção de muitas políticas exitosas no país, a conclusão é que vale a pena”, afirmou Okamotto.
A entrevista discutiu o impacto das notícias falsas e a influência de bilionários aliados à extrema direita na política global. Para Okamotto, o mundo mudou com a globalização e a ascensão das redes sociais, tornando a luta política ainda mais complexa.
“O desenvolvimento das Big Techs criou uma sociedade mais individualista. A opinião pública se consolida de forma muito mais rápida e isso influencia diretamente no jogo político”, disse.
Segundo ele, cabe aos partidos políticos organizarem uma resposta eficiente para combater desinformações e conquistar corações e mentes. “Numa sociedade democrática, você tem que ganhar uma opinião pública para qualquer assunto. E para isso, precisa ter muita gente falando a mesma coisa, defendendo os mesmos princípios e valores”.
A relação com Lula e a criação do PT
Okamotto também documenta memórias sobre o início do PT e sua relação com Lula, que começou na década de 1970.
“Eu trabalhei na Brastemp e vi o próprio Lula panfletando às seis da manhã. Isso me chamou atenção. Eu pensei: ‘Esse cara é o Lula, o presidente do sindicato?’ A partir de dali, me engajei mais na militância sindical”.
Diferente do que muitos pensam, ele nunca foi assessor direto do presidente. “Eu nunca fui empresário do Lula. Me considero um companheiro de caminhada na luta política”, destacou.
O papel da Fundação Perseu Abramo
A FPA tem um papel essencial na formação política da militância petista e na produção de conhecimento sobre a sociedade brasileira, ressaltou Okamotto. “A fundação existe há mais de 35 anos, publicando livros, promovendo debates e formando dirigentes. Precisamos que os novos filiados entendam por que esse partido foi fundado e quais são seus valores”, explicou.
Diante das mudanças tecnológicas, a instituição tem se modernizado. “Hoje temos a internet como ferramenta de formação. Podemos conectar dirigentes estaduais e municipais em tempo real, compartilhar informação rápida e construir uma rede mais eficiente”.
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Desafios da formação política
O presidente da FPA frisou que um dos grandes desafios do partido é formar uma nova geração de militantes, adaptando-se às novas realidades sociais. “Nosso partido é de massa, com milhões de pessoas. Mas ainda não encontramos a formação ideal. As redes sociais, apesar de desinformarem, também podem ser grandes ferramentas de aprendizagem”.
Para Okamotto, um dos caminhos é estabelecer conexão com a classe trabalhadora contemporânea, que não se limita mais aos setores tradicionais da indústria.
“O Brasil tem uma característica importante, pois o povo sai para empreender. Não podemos ignorar os trabalhadores autônomos, os pequenos empreendedores e aqueles que vivem da economia digital. precisamos dialogar com suas preocupações”.
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A importância do PED para a democracia interna
Okamotto reforçou que o Processo de Eleição Direta (PED) do PT, agendado para acontecer no dia 6 de julho, é uma marca registrada do partido e fortalece a democracia interna.
“As atuais políticas apresentam suas teses, debatem e precisam convencer uma base. Este vencedor será eliminado pelos dirigentes eleitos para os próximos quatro anos. Quem quer mudar o partido, agora é a hora”, disse.
Ele comparou o PED ao sistema eleitoral brasileiro. “Assim como nas eleições nacionais, aqui também temos programas e candidatos. Escolhemos as orientações que vão guiar o partido. E esse é um processo essencial para manter o PT dinâmico”.
Celebração dos 45 anos do PT
A entrevista foi encerrada com um convite para a festa de 45 anos do PT, que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 21 e 22 de fevereiro.
“Vamos comemorar a comemoração com debate. Teremos discussão sobre o papel dos vereadores, meio ambiente, indústria verde e até um debate com lideranças políticas internacionais”.
Segundo Okamotto, o evento também contará com apresentações culturais e um grande ato político. “Teremos samba, shows e falas de nossas lideranças, incluindo Lula e Gleisi Hoffmann. É hora de celebrar e reafirmar nosso compromisso com o Brasil”.
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Da Redação