Após o pedido feito pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, para que o curso sobre o golpe de 2016 oferecido pela Universidade de Brasília (UnB) fosse investigado, pelo menos outras oito instituições de ensino do país criaram iniciativas semelhantes, todas com o intuito de analisar os efeitos do golpe sofrido pela presidenta eleita Dilma Rousseff.
Além da UnB, as universidades federais da Bahia (UFBA) e do Amazonas (UFAM), a USP, a Unicamp e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) também irão ofertar a disciplina aos alunos de seus cursos de Ciência Política com a perspectiva de oferecer um panorama completo deste período tão conturbado da história recente do país.
Na UFRN a disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” será vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e estará aberta a quem estiver interessado na modalidade Extensão.
Já o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) irá oferecer curso de extensão chamado “O golpe de 2016 e a nova onda conservadora no Brasil” sob diferentes temáticas. O curso será oferecido aos alunos de graduação e pós-graduação da universidade interessados no debate.
Entre os temas que serão debatidos pelos docentes estão a democracia, as relações de gênero, o papel da mídia, a ditadura militar, os movimentos sociais e os aspectos legislativos.
Na Unicamp estão previstas aulas como “A fragilidade da democracia brasileira”, “As políticas do governo golpista”, “A nova direita”, “O jogo político do STF e o golpe”, “O ataque à educação” e “As reformas trabalhista e previdenciária”.
Cerca de 30 professores já se voluntariaram a ministrar o curso. “Vamos começar com uma discussão sobre caracterização do que é golpe de Estado do ponto de vista da ciência política, depois vamos debater essas rupturas democráticas que ocorreram no Paraguai, em Honduras, no Peru. A segunda parte vai ser o processo do golpe no Brasil em si, as manifestações de 2013, a direita do país e o papel das classes médias”, explicou professor de Ciência Política Wagner Romão.
Em uma segunda temática, explica o professor, o curso fará um panorama sobre as políticas adotadas pelo governo ilegítimo de Temer: “Vamos analisar a Reforma Trabalhista, a proposta da Previdência, esse autoritarismo quanto à questão da segurança pública e esse estilo de Michel Temer governar como fazer acordos para manter a base conservadora”.
Para além da proposta acadêmica do curso, também está em questão a solidariedade ao professor Luís Felipe Miguel, que ministrará o curso da UnB e alvo de cerceamento autoritário do MEC. Em nota, os docentes do Departamento de Ciência Política da Unicamp declararam que a postura de Mendonça Filho é “demonstração cabal de que vivemos em um contexto político autoritário, no qual a máxima autoridade federal no campo educacional infringe a liberdade de cátedra e a autonomia universitária”.
Infelizmente, ainda de acordo com Romão, o caso da UnB não é o único exemplo arbitrário do atual governo no trato com as universidades. ” O que a gente tem visto é uma sequência de ataques não só na universidade pública mas às direções das universidades publicas. Isso não é uma coisa banal. Temos que ficar em alerta”, conclui.
Da Redação da Agência PT de Notícias