Os jornalistas Franklin Martins e Cid Benjamin estão de novo reunidos no bairro Botafogo, no Rio de Janeiro, perto de onde, há cinquenta anos, os dois conversavam quando viram passar um carrão embandeirado com as cores dos Estados Unidos. Foi a inspiração para uma das mais espetaculares ações da resistência à ditadura militar no Brasil: o sequestro do embaixador norte-americano, realizado no dia 4 de setembro de 1969.
“Foi um acaso”, diz Cid Benjamin nesta entrevista ao Tutaméia, em que ele e Franklin rememoram a captura de Charles Burke Elbrick, debatem o período da resistência armada contra a ditadura e analisam as opções da luta democrática no Brasil de hoje. Mas deixemos que a palavra continue com Benjamin, lembrando aquela tarde de meados de agosto de 1969:
“Nós estávamos aqui mesmo nesse bairro, Botafogo, conversando, era um ponto de rua, o ponto era um encontro dos militantes clandestinos, a forma como nós chamamos. Estávamos eu e o Franklin, e tinha havido um pouco antes um atentado contra o embaixador americano na Guatemala. Ele tinha sido metralhado. Quando estávamos conversando, e vimos passar o carro do embaixador americano, sem segurança, só o motorista, aquilo chamou a atenção. Não nos passou pela cabeça metralhar o cidadão, mas começando a conversar. Nós vimos que talvez fosse uma forma de libertar presos.”
Desde dezembro do ano anterior, com a edição do AI-5, o governo ditatorial tinha optado abertamente pelo regime de terror para tentar calar qualquer forma de resistência. Nos cárceres, a tortura corria solta, brutal, assassina. Era preciso soltar as lideranças, tentar diminuir o sofrimento de figuras históricas da luta democrática.
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Por Tutameia