O acesso à internet via celular aumentou mais de 26% no Brasil em um ano, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta semana. A inclusão digital, avalia o documento, acontece cada vez mais pelo aparelho portátil, mais barato que um computador ou um tablet.
Como consequência, o mercado de aplicativos cresce significativamente. Este ano, o mercado nacional de aplicativos deve movimentar US$ 25 bilhões, com expectativa de crescimento para US$ 70 bilhões em 2017.
Em 2013, o Brasil já era o 5º maior mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) e gerou uma receita de R$ 240 bilhões, ou cerca de 5% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB).
Os aplicativos são uma parcela desse bolo, que conta com apoio de núcleos em universidades para descobrir e preparar novos talentos. A exemplo da Universidade Católica de Brasília (UCB), que criou há dois anos o Programa de Educação Brasileiro de Desenvolvimento para iOs (BePid).
Ao todo, 184 estudantes já participaram da iniciativa, que lançará edital com 90 vagas para desenvolvedores e 10 para designers. “O que a gente está fazendo é desenvolver a concepção do aplicativo baseada na problematização e não somente em programação”, explica o coordenador do BePid, Eduardo Moresi.
Um desses estudantes criou o jogo “Bit Journey”, disponível na Apple Store. O aplicativo foi lançado em abril e já alcançou mais de 160 mil downloads, no Brasil e na China.
“Em Brasília, as empresas estão começando a se movimentar para entrar nesse tipo de mercado”, detalhou o coordenador.
“A expectativa que temos é que a inclusão social se dará por smartphone, porque o custo é mais barato e ele anda com o aparelho no bolso”, avaliou.
O mercado, porém, não é limitado a jogos. Há aplicativos para facilitar a vida da população, como o Mapa da Saúde. O programa permite, a partir de localização via GPS, encontrar atendimento de saúde mais próximo para a especialidade indicada pelo usuário.
O aplicativo, criado pelo BePid, permitirá a avaliação de requisitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Os criadores estão discutindo melhorias e necessidades com o Ministério da Saúde antes de lançar.
Para ele, o principal desafio, em termos de políticas públicas, é disponibilizar o acesso mais barato à internet. “O smartphone tem custo menor, mas os planos de dados móveis são limitadores”, criticou.
Iniciativas – O Ministério das Comunicações possui uma série de iniciativas para ampliar o acesso à internet e de criação de aplicativos e outros projetos de inovação.
Até 18 de setembro, a pasta recebeu inscrições de projetos de entidades da sociedade civil ou instituições de pesquisas para o Usinas Digitais.
Serão escolhidos dois projetos para receber R$ 4 milhões cada. O edital contempla laboratórios de aplicativos, centros de produção e pós-produção, como estúdios de cinema e televisão de alta capacidade e instalações de pesquisa e desenvolvimento de software.
O Ministério também mantém o InovaApps, concurso para premiar 100 projetos de aplicativos para smartphones e TVs conectadas com R$ 50 mil para cada. O total de investimento é de R$ 5 milhões.
Ao todo, foram 935 inscrições entre agosto e setembro. As categorias com maior procura foram Educação (225), Saúde (170), Mobilidade Urbana (66) e Participação Social (55).
Além disso, o Ministério das Comunicações aprovou, até o final de julho, 404 aplicativos nacionais para serem oferecidos em celulares vendidos no Brasil com benefícios fiscais.
Para conseguir os benefícios tributários, os smartphones fabricados no Brasil devem custar até R$ 1,5 mil, disponibilizar aos usuários um pacote mínimo de 50 aplicativos brasileiros e atender às definições tecnológicas determinadas pelo Ministério das Comunicações.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias