Partido dos Trabalhadores

Após denúncias contra Temer, “Diretas já” ocupa a Paulista

Reportagem do “Globo” afirmou que Temer teria comprado o silêncio de Cunha; manifestação espontânea reuniu milhares na avenida Paulista

Paulo Pinto/Agência PT

Ato espontâneo na avenida Paulista

Milhares de pessoas foram à avenida Paulista na noite desta quarta-feira (17) pedir a renúncia do presidente golpista Michel Temer (PMDB) e eleições diretas. A manifestação espontânea foi convocada após reportagem do jornal “O Globo” afirmar que Temer teria solicitado que a empresa JBS comprasse o silêncio de Eduardo Cunha (PMDB) na prisão. Além disso, Temer teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto ligado à empresa. Em outra gravação, Loures aparece, segundo a Globo, recebendo uma mala com R$ 500 mil que teria sido enviada pelo dono da JBS.

A denúncia também atingiu o Senador Aécio Neves, que teria sido gravado solicitando propina de R$ 2 milhões à empresa.

Lideranças e participantes do ato na Paulista manifestaram a preocupação com a possibilidade de um novo golpe após as graves denúncias, com eleições indiretas para o cargo de Presidente. Por isso, as palavras de ordem que dominaram toda a noite foram “Fora Temer” e “Diretas Já”.

No momento da revelação, a Frente Povo Sem Medo realizava um debate no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, sobre as reformas trabalhistas e da previdência, convocando para a grande marcha em Brasília marcada para o dia 24 de maio. O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos interrompeu o debate e, em consenso com a plateia, decidiu-se pela realização de uma manifestação espontânea na avenida.

Cartaz em manifestação espontânea na avenida Paulista

Inicialmente, foi negociado com a Polícia Militar que as pessoas ocupariam as ruas apenas quando o semáforo estivesse vermelho para os carros. Ao longo da noite, no entanto, mais manifestantes foram chegando e todas faixas da Paulista (sentido centro) foram ocupadas pelo ato. Milhares de pessoas pediam a renúncia do golpista e eleições diretas.

Para o deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP), a preocupação deve ser a preservação da democracia. “Porque a agenda econômica vai continuar. A democracia brasileira já foi fortemente ferida. Eu espero que isso não descambe para medidas repressivas. A saída para o Brasil é a democracia, e o voto direto dos eleitores. E não uma substituição do voto por uma carteirada de quem quer seja”, afirmou ele.

“Nós não temos que titubear. É Fora Temer e Diretas Já. Esse governo não tem condições nenhuma de continuar”, afirmou o líder do MTST Guilherme Boulos. “Os brasileiros e brasileiras tem que ir às ruas exigindo a queda do Temer e eleições diretas, porque não podemos aceitar um arranjo desse Congresso desmoralizado para botar no poder algum outro sem voto”, disse.

A deputada estadual Beth Sahão afirmou que a denúncia apenas revelou o que todos já sabiam, que esse governo é fortemente envolvido em esquemas corruptos. “O povo na rua vai ser fundamental para pressionar esse governo que já não tem força para nada e que quer aprovar reformas que retiram direitos dos trabalhadores. Esse momento é histórico. Está começando. Nós devemos engrossar essas lutas nos próximos dias”, disse ela.

“O Brasil foi surpreendido por essa denuncia revelando o que todo mundo já sabe que esse governo opera e paga propina para se manter no poder”, afirmou Índio, da Intersindical. “Nós queremos eleições diretas, retomar a democracia. Quem em que definir é o povo brasileiro.”

Para a presidenta da UNE, Carina Vitral, esse governo não tem mais sustentação para manter-se no poder. O perigo, segundo ela, é um complô das elites. “Temos que ocupar as ruas para ter eleições diretas porque as elites vão montar um complô para ter eleições indiretas. Mas isso seria o maior absurdo. Temos que votar para presidente da República”, disse.

Manifestação na avenida Paulista

Manifestação espontânea

A cada minuto, mais pessoas chegavam à manifestação espontânea. A estudante Lena Beatriz conta que estava na faculdade quando soube da notícia. Os estudantes saíram da aula e foram para o ato na Paulista.  “Para mostrar que a juventude está aqui sim e não esqueceu do que está acontecendo”, afirmou.

“Eu estava voltando do trabalho, e fiquei sabendo, cheguei em casa e já viemos para cá, arrebanhando gente pelo caminho. Porque temos que evitar que coisas piores aconteçam”, disse Maria do Carmo Fávaro.

Manifestantes na avenida Paulista

“Esse é o momento de a gente ir pra rua, porque se empurrar ele cai, mas a gente tem que evitar um novo golpe, que é esse Congresso escolher um novo presidente ou fazer a Carmem Lúcia ser presidente do Brasil”, reforça Camila Lisboa.

Outros atos já estão previstos para esta semana. Acompanhe no pt.org.br/agenda 

Da Redação da Agência PT de Notícias