Os ecos da submissão imoral do Brasil aos EUA, adotada como estratégia de política externa do governo Bolsonaro, ainda se fazem sentir meses após a saída de Donald Trump da Casa Branca, com prejuízos incalculáveis ao país. Segundo informações do colunista Guilherme Amado, da revista Época, o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, atualmente em franco processo de fritura, articulou contra a adesão do Brasil ao consórcio de vacinas Covax Facility, formado em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pela lógica deturpada de Araújo, a entrada do país no consórcio iria fortalecer a OMS, que vinha sendo atacada pelo então presidente Donald Trump desde o início da pandemia. A agência das Nações Unidas foi acusada por Trump de proteger a China na crise sanitária do novo coronavírus. Trump chegou a suspender repasses financeiros à entidade, gesto também adotado pelo Brasil, que passou a atrasar pagamentos à organização.
“O fato de ser uma aliança global também incomodava o chanceler, publicamente contrário ao globalismo — seja lá o que o termo queira dizer”, escreveu Amado. De acordo com o colunista, a situação foi contornada com a intervenção da embaixadora Nazareth Azevêdo, à época representante do Brasil para a ONU em Genebra.
A diplomata viu-se obrigada a explicar ao relutante ministro sobre os riscos de o país ficar sem imunizantes caso optasse por ficar de fora do consórcio. “Depois de muitas negativas, o chanceler se dobrou, e agora diz que sempre trabalhou pela vacina”, denunciou Amado.
Mesmo assim, o Brasil optou por receber do consórcio o equivalente a uma cobertura vacinal para apenas 10% da população, quando poderia ter escolhido doses para imunizar até 50% dos brasileiros. O Brasil já recebeu um milhão de doses da vacina de Oxford e tem previsão de obter outras 41 milhão de doses.
Vacina brasileira a caminho
O Instituto Butantan anunciou o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Covid-19. Para iniciar as fases um e dois de testes, a entidade irá solicitar autorização à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante, que terá o nome de Butanvac, será totalmente fabricado no país.
A vacina será produzida por um consórcio internacional chefiado pelo Butantan, que irá responder por 85% da capacidade total de fornecimento da vacina. Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, o plano é finalizar todas as fases de testes e produzir 40 milhões de doses até o fim do ano.
Da Redação, com informações de Época e Folha