O dia 24 de março é conhecido como o Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça na Argentina, feriado nacional em que milhares vão às ruas para recordar dos horrores da ditadura e pedir por direitos. E nesta quinta-feira (24), não foi diferente. Familiares e integrantes de diversos movimentos sociais dedicados à busca e à memória dos presos e desaparecidos durante a ditadura na Argentina, entre eles as Avós da Praça de Maio, convocaram uma marcha pelo centro de Buenos Aires para marcar os 40 anos do golpe militar no país, que deu início a um período que ficou conhecido como a ditadura mais sangrenta da América Latina. Milhares de argentinos gritavam “nunca mais” para a ditadura militar, aos mais de 30 mil desaparecidos, as torturas e repressões.
Os manifestantes carregam uma bandeira com retratos das pessoas presas e desaparecidas durante o regime militar argentino e fizeram uma vigília em frente ao Congresso argentino, num protesto que foi chamado de Encontro Memória, Verdade e Justiça. O movimento também aproveitou para protestar da política neo-liberal do presidente Macri. A frase de ordem “Não ao ajuste, o confisco e a repressão” se juntou a pedidos contra o ajuste fiscal e política de demissões. E lembrou, claro, das vítimas do golpe: “30 mil companheiros detidos e desaparecidos. Presente!”.
Protestos contra Estados Unidos
Além da data representativa, o presidente argentino Maurício Macri recebeu a vista do presidente norte-americano Barack Obama. Ele anunciou que o seu governo vai tornar públicos documentos militares e de agências de inteligência do país relacionados à ditadura militar da Argentina. Grupos de direitos humanos pressionavam havia anos por essa liberação e as autoridades já tinham afirmado que a liberação de documentos vai incluir registros de agências de segurança dos EUA, dos departamentos de Defesa e de Estado, além das bibliotecas presidenciais no Arquivo Nacional.
Houve protestos em Buenos Aires e em Bariloche contra a visita dos presidente norte-americano. Para eles, durante a Guerra Fria os EUA apoiaram ditaduras, incluindo a da Argentina, e portanto a presença de um líder americano seria desrespeitosa às famílias dos milhares que morreram ou desapareceram. Obama reconheceu que seu país demorou para defender os direitos humanos durante a última ditadura militar da Argentina. Em discurso, Obama recordou as milhares de vítimas do terrorismo do Estado, no Parque da Memória de Buenos Aires.
Da Redação da Agência PT