O deputado Delegado Franceschini (PSL-PR), coordenador da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), doou R$ 24 mil à maior rede de fake news e contas falsas que atuava na eleição brasileira. Nesta segunda-feira (22), a rede social Facebook anunciou ter desbaratado o esquema e retirado do ar “um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a maior rede pró-Bolsonaro da internet”, como informa o jornal “O Estado de S.Paulo”.
O diário paulista não informou, porém, que esta rede ilegal pró-Bolsonaro comprovadamente já recebeu dinheiro do coordenador da campanha do capitão da reserva. Esta informação consta em outra reportagem, do Portal UOL, publicada em maio deste ano.
Assim, cruzando as duas informações publicadas com alguns meses de intervalo, resta provado que a coordenação da campanha de Bolsonaro financiou uma gigantesca rede de contas e notícias falsas que atuava no Facebook em favor do candidato do PSL.
Entenda o caso
Segundo o Estadão, o Facebook removeu nesta segunda-feira um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a maior rede pró-Bolsonaro da internet. Segundo a empresa, os donos dessas páginas, controladores de um grupo chamado Raposo Fernandes Associados (RFA), criaram contas falsas e múltiplas contas com os mesmos nomes para administrar os grupos.
Seus donos são conhecidos propagadores de fake news pela internet, notadamente por meio do site Folha Política. Informa o Estadão: “Um casal – o advogado Ernani Fernandes e sua mulher, Thais Raposo – montou um “império” de páginas e sites com apoio de conhecidas figuras conservadoras no País, como Alexandre Frota e Marcello Reis, do Revoltados Online. O Facebook investigava a rede há meses em sigilo.”
Já em reportagem do portal UOL, de maio deste ano, se lê: Seis notas fiscais pagas pelo gabinete do deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), o Delegado Francischini, apontam que o parlamentar destinou R$ 24 mil de sua cota parlamentar, no período entre dezembro do ano passado e abril deste ano, para uma empresa em nome de um casal que administra uma rede de sites apontados como veículos que propagam fake news.
As notas foram emitidas pela empresa Novo Brasil Empreendimentos Digitais, que tem como sócios registrados junto à Receita Federal a advogada Thais Raposo Chaves e seu marido, Ernani Fernandes. Ele também aparece como responsável pelo domínio do site de conteúdo político engajado Folha Política (que não tem nenhuma relação com o Grupo Folha). Desde dezembro, a Folha Política publicou em suas páginas diversos textos em que cita o deputado Francischini. Eles têm títulos como ‘Delegado Francischini fala ‘na lata’ o que pensa de Lula’ ou ‘Delegado e Bolsonaro apresentam projeto de lei para acabar com privilégios para ex-presidentes’.”
Veja, abaixo uma das cinco notas fiscais (todas constantes no Portal da Transparência do governo federal) que provam o pagamento, por parte do coordenador de campanha de Bolsonaro, à rede de perfis falsos desbaratada nesta segunda.
Assim, a nova relação da candidatura do PSL com redes de fake news é apenas mais uma a se somar a todas as outras que, segundo informa o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), estão sendo investigadas e terão as consequências previstas em lei contra a candidatura que delas faz uso. Resta saber se o que informa o TSE, por meio de sua presidente, a ministra Rosa Weber, vai efetivamente acontecer, ou se se trata apenas de mais uma fake news.
Por Vinicius Segalla, do Diario do Centro do Mundo