O Brasil precisa desenvolver uma forte política industrial para cumprir o destino de ser uma nação de pleno desenvolvimento , capaz de proporcionar inclusão social e qualidade de vida ao povo brasileiro.
Um país de grandes dimensões, assim é o Brasil, com mais de 214 milhões de habitantes , 8514876 Km quadrados, 8500 Km de litoral incluídas suas baías, com fronteiras com 10 dos 12 países da América do Sul através de 16885 Km de extensão, com 5 biomas, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas, que ocupam com vegetação nativa mais de 60% do território nacional, um país com um enorme potencial de desenvolvimento e de inclusão social pronto para cumprir seu destino .
Uma nação com essas dimensões não pode , em nenhuma hipótese , prescindir de um ambicioso plano que tenha como centro uma política de desenvolvimento industrial voltada para promover o bem estar e a inclusão social de toda a sua população.
O produto interno bruto industrial já foi algo em torno de 30% do PIB total no Brasil na década de 80, em 2020 , segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), o PIB da indústria de transformação era de 11,30%, uma queda acentuada, uma perda de dinamismo muito importante para a economia nacional.
Em qualquer lugar do mundo, a indústria , em regra, gera os melhores postos de trabalho, com melhor remuneração, é também o setor dinâmico da economia que demanda inovação e pesquisa promotoras de desenvolvimento tecnológico.
A construção de uma poderosa indústria, a partir das necessidades populares, é o caminho que deve ser trilhado e que tem não só grandes chances de ser bem sucedido, como permite uma eficiente comunicação social.
Somos 214 milhões de pessoas que precisam de saúde, educação, transporte de pessoas e produtos, moradia, saneamento básico, energia elétrica, lazer, cultura, alimentação. vestuário, etc.
O desenvolvimento de cadeias produtivas que levem em consideração essas necessidades tem enorme potencial de desenvolvimento , além de permitir um diálogo social que mobilize apoio à sua execução.
O complexo da saúde , por exemplo, vai da pesquisa e desenvolvimento de insumos para medicamentos, passa pelo desenvolvimento de maquinário e equipamentos de uso hospitalar e residencial, pela construção de equipamentos de atendimento aos usuários, transporte de pacientes, internações, atendimento domiciliar, é uma extensa rede desde a pesquisa, passando pela produção e chegando aos usuários potencialmente geradora de bem estar.
As dimensões nacionais e sua enorme necessidade de deslocar mercadorias e transportar pessoas por todo território nacional, possibilitam o desenvolvimento de modais de transporte complementares, rodovias, ferrovias, cabotagem, navegação fluvial, navegação marítima, aérea, transporte urbano, e de um complexo industrial que possa ser capaz de fornecer os equipamentos necessários para o seu pleno desenvolvimento.
Qualquer dos setores, energia, habitação, saneamento, agricultura, lazer, educação, cultura, vestuário, são capazes de movimentar cadeias completas de pesquisa, inovação, desenvolvimento e bem estar.
A recente pandemia do Coronavirus mostrou a importância de poder responder com eficácia à emergência, o que infelizmente não foi feito no Brasil, em parte por conta de uma política negacionista do governo de plantão e de seus aliados, mas também pela dependência do pais da importação de insumos para produção de vacinas e de equipamentos para atendimento das vítimas.
Agora na guerra da Ucrânia, a dependência de insumos para a agricultura, nos demonstra a necessidade de desenvolver em território brasileiro a produção e a pesquisa necessária para garantir que não fiquemos reféns de crises internacionais que comprometam nossa produção .
A questão ambiental é um grande ativo nacional, capaz de desenvolver no pais a chamada economia verde, que nos permita ao mesmo tempo explorar e proteger nossos biomas, com segurança e para benefício do planeta.
O debate, a elaboração, e implementação de uma política de desenvolvimento industrial, tem que ter a participação da classe trabalhadora e propiciar um forte envolvimento social, não pode ser um debate feito de cima para baixo, por poucos setores da sociedade, tem que ser um projeto de nação amplo e dialogado e apesar de amplo , tem que ser rápido, o Brasil não pode esperar.
Paulo Cayres é Secretário Nacional Sindical do PT e Presidente da CNM/CUT