As eleições deste ano não serão fáceis. Elas se darão em um ambiente claramente plebiscitário, em que o eleitorado brasileiro terá o grande desafio de escolher entre a civilização e a barbárie. À primeira vista, dirão alguns que não há dúvidas, que escolheremos a civilização, porque, sendo o Brasil um país majoritariamente religioso, a barbárie não deve encontrar amparo.
Enganam-se os que assim pensam. Somos um país que prima pela democracia. Mas, neste momento, estamos às portas da institucionalização da barbárie. Está no comando central do Poder um projeto político ultraconservador, autoritário, neoliberal, violento e misógino; um projeto que a cada dia desmantela as políticas públicas de inclusão social, privatiza o Estado, faz apologia à violência, desrespeita as pessoas e não tem o mínimo de empatia com a dor do outro – vide o que estamos vivenciando com a Pandemia da Covid-19, que já ceifou a vida de mais de 666 mil vítimas.
Este projeto excludente, preconceituoso e discriminador já existia e as pessoas minimamente informadas sabiam de sua existência. Durante 27 anos, foi representado no Parlamento brasileiro, por uma única pessoa, aquela que desde 2019 ocupa o principal espaço de poder do país.
Durante quase três décadas, sua voz vagava praticamente sozinha nos corredores do Congresso Nacional.
Não são poucas suas falas polêmicas, feitas em entrevistas de rádio e televisão, em programas de TV e em eventos; todas elas, contra mulheres, gays, pessoas pretas, pobres e obesas e a favor da volta do regime militar.
Uma de suas falas de ataque às mulheres é ilustrativa de como se comportava o então deputado federal, agora, presidente da República.
Todos devem se lembrar dos seus xingamentos dirigidos à deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) e, pasmem, em discursos proferidos na tribuna da Câmara dos Deputados, em trecho aqui reproduzido: “Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”.
Na época, o então parlamentar explicou sua falta de compostura assim: “Ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”.
Felizmente, para o meu alento, este projeto do mal que tenta institucionalizar a violência, que está aumentando a fome e a miséria e não esconde seu desprezo às pessoas pretas, pobres, periféricas e não binárias, demonstram todas as pesquisas de opinião, não representa o anseio do conjunto da população brasileira.
Para quem defende a democracia, os direitos humanos e o respeito às pessoas com suas diversidades – de crença, raça/etnia, classe social e orientação sexual -, este pensamento não pode continuar em espaços de poder e de decisão, principalmente, na Presidência da República.
Outro mundo é possível, outro projeto nacional também. É para construir outro mundo e outro projeto e para garantir a civilização que nós, pessoas políticas do campo progressista de Rondônia estamos juntos construindo uma alternativa para apresentar à sociedade de Rondônia, através da Frente Democrática em defesa do resgate da Democracia e da soberania nacional.
O Partido dos Trabalhadores em Rondônia em seu Encontro Estadual, tomou a meu juízo, acertada decisão de continuar construindo e fortalecendo a Frente, afinal, o povo já não aguenta mais conviver com os ditames fascistas no Estado e no Brasil. É nossa responsabilidade ter juízo e disposição de construção para alcançar o objetivo de mudanças que se tornam imperiosas para a vida do povo nesta conjuntura.
Para nós, as eleições de outubro serão decisivas para que tenhamos possibilidade de reconstruir o Brasil e o Estado em patamares democráticos, justos e igualitários.
Eu, juntamente com outras mulheres de luta aceitamos o desafio de participarmos deste processo eleitoral plebiscitário, para, lutando do lado certo da história, defendermos a eleição de Lula que representa para nós, mulheres de luta, a única chance de vencermos o nazifacismo imposto na cultura machista que ceifa vidas de mulheres através da violência e do feminicídio todos os dias.
Para contribuirmos com a construção de um mundo melhor para todas as pessoas, e para ampliar a participação de mais mulheres na política apresentaremos ao eleitorado de Rondônia uma nominata com 2 mulheres concorrendo à Câmara Federal e 5 concorrendo à Assembleia Legislativa, além de homens que também são comprometidos com a construção de uma sociedade de paz e justiça social.
O voto é o instrumento mais democrático que temos para fazermos valer nossa opinião sobre o mundo que desejamos deixar para as próximas gerações, com cidadania, igualdade, diversidade e justiça. Isso é civilização. Quem vai optar por ela é você, eleitor e eleitora.
Fátima Cleide é ex-senadora da República e pré-candidata a deputada federal por Rondônia.