Os Jogos Olímpicos de Paris chegaram ao fim. Para além de um momento de exposição de talentos e de superação dos limites de atletas de todo o planeta, as olimpíadas significaram um espasmo de paz e congraçamento entre os povos em um mundo em ebulição, marcado por conflitos, injustiças, massacres, desarmonia, e ameaças vitais.
No que tange ao nosso desempenho em Paris, não apresentamos resultados compatíveis com a vocação e tradição esportiva dos brasileiros e, tampouco, com a condição do país enquanto 8ª economia mundial, rumando para a 7ª posição, após o período regressivo no período Bolsonaro que rebaixou o país para a 12ª economia do mundo.
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Ficamos na 20ª colocação no quadro de medalhas, o que, portanto, não condiz com uma economia com PIB de 2 trilhões de dólares e população de 210 milhões de habitantes. O Uzbequistão, com PIB de 73 bilhões de dólares e 34 milhões de habitantes ficou na 13ª posição. Aplausos para a 17ª colocação pelo Quênia. Porém, a participação brasileira deve ser comemorada e analisada no contexto devido.
Comemorada, em primeiro lugar, por conta da atuação superlativa das mulheres, responsáveis por 12 das 20 medalhas conquistadas, incluindo as três medalhas de ouro. Mais destaque, ainda, para as mulheres negras, de origem modesta, sem as quais não teríamos nenhuma medalha de ouro. Esse fato nos leva a refletir sobre os prejuízos que este país acumula por conta das nefastas desigualdades de gênero e raça, e da pobreza estrutural, fruto dos governos das elites reacionárias, ao longo da nossa história. Se prolongarmos historicamente o rechaço à extrema direita definido em 2022, em pouco tempo a diversidade brasileira e a superação da pobreza revelarão as potencialidades gigantescas deste país em todas as esferas.
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No geral, nossos atletas lutaram e honraram o povo brasileiro nos jogos olímpicos de Paris. Não fizeram mais por conta dos desmontes promovidos pelo “governo” Bolsonaro que resultaram no abandono e desmotivação dos nossos atletas. Seria grotesco responsabilizar a pandemia pelos resultados aquém do esperado, afinal, o infausto afetou o mundo todo, inclusive o Quênia e o Uzbequistão. O fato é que em 2020, o governo Bolsonaro determinou corte orçamentário de 49% na Secretaria do Esporte. Dois terços dos funcionários da pasta foram demitidos. O edital do Bolsa-Atleta foi cancelado e um novo edital só foi publicado em 2021. As verbas para o esporte de rendimento caíram de R$ 215,3 milhões para R$ 184,9 milhões. No esporte comunitário a perda foi de 90%, passando de R$ 86,9 milhões para apenas R$ 8,9 milhões. Bolsonaro vetou o dispositivo da Lei 2824/2020, que previa socorro aos profissionais do segmento esportivo durante a pandemia.
Com o governo Lula, a recuperação do apoio ao esporte começou, de imediato. Foi recriado o Ministério do Esporte com o anúncio e desenvolvimento de uma série de programas e ações de apoio ao setor e aos atletas. O fortalecimento do Bolsa Atleta tem sido um dos destaques, fato que, não obstante a diversidade de programas setoriais, é preditivo de um novo patamar para a participação do Brasil nas olimpíadas de Los Angeles. Os únicos atletas que estivaram em Paris que não fazem parte do programa atualmente são Gabriel Medina; Larissa Pimenta, do judô, que teve o suporte federal durante dez anos de sua trajetória; e Isaquias Queiroz, que foi beneficiário do Bolsa Atleta por 13 anos.
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Em suma, apostando no talento dos nossos atletas e considerando o novo contexto institucional, podemos apostar no êxito das políticas para a massificação e qualificação das atividades esportivas no país e em desempenho internacional dos nossos atletas à altura da importância e potencialidades deste país. No Senado, proveremos audiência pública com representantes do governo, atletas e especialistas para debater as estratégias para Los Angeles.
Beto Faro (PT-PA) é líder do PT no Senado