A pantomima convocada pelo inominável, atual ocupante do Palácio do Planalto para o dia 07 de setembro, nos 200 anos da independência em Copacabana, é a coroação da tentativa golpista e farsesca que assombra a nacionalidade brasileira desde sempre. Mais uma vez, tal qual cão de guarda dos interesses inconfessáveis, usa-se as Forças armadas como objeto de decoração do cenário burlesco. Não bastasse o vexame protagonizado pelos fardados no questionamento da urna eletrônica, tudo para satisfazer o detentor dos cargos e benesses, ora instalado em Brasília; resolveu o capitão colocá-los para marchar às margens da Praia.
Bolsonaro usa a máquina pública mirando a reeleição desde o primeiro dia de mandato. É talvez a campanha eleitoral mais antecipada da terra. Tudo isso ao arrepio da lei e a inércia da Procuradoria Geral da República que de guardiã da legislação e
fiscal da sociedade, transformou-se em “puxadinho” do Poder Executivo.
Estimulador do ódio, do preconceito, do fundamentalismo e da mentira o presidente é o responsável direto pela violência e seu espectro que paira sobre os brasileiros e faz surgir o que de pior exala do humano: a sociopatia, a psicopatia e o ressentimento.
Hordas de celerados despontam nas redes sociais e nas ruas ameaçando a integridade física da sociedade e afrontando os poderes constituídos. Esse cenário sombrio não pode ser minimizado. Trata-se de descredibilizar a institucionalidade, seus agentes e criar um “caldo de cultura” do caos social e de anomia forçando com isso a intervenção das polícias gestando um ambiente incontrolável.
A manifestação da sociedade civil e a representatividade conquistada pela carta aos brasileiros a ser lida nas arcadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo é o início da reação. Mas não basta.
A derrota do projeto de milicianização do Estado brasileiro tem que se dar já no primeiro turno das eleições vindouras. Não pode a sociedade brasileira assistir impassível as tentativas recorrentes de “melar” o processo eleitoral brasileiro e criar
um estresse profundo e de difícil resolução em futuro breve.
A democracia brasileira já sofreu um abalo forte com a deposição golpista de Dilma Rousseff, a prisão injusta de Lula e a eleição do controvertido herdeiro do golpe civil militar de 1964, na “escolha difícil” de 2018 protagonizada pela mídia empresarial. Sua hoje improvável reeleição seria o fio condutor da regressão reacionária da vida nacional. Regressão cuja raízes históricas remontam à Proclamação da República, o Estado Novo, o suicídio de Vargas e o já mencionado 64. Tudo isso contando com o auxílio luxuoso da Forças Armadas como guardiã dos interesses oligárquicos. Sempre lembrando que o “tuíte” do general Villas Boas foi a senha para a garantia das movimentações lavajateiras e suas ilegalidades.
As movimentações de Lula e Geraldo Alckmim com a consequente ampliação de seu leque de apoios pode e deve ser o epicentro da derrota da urdidura reacionária ensaiada por Bolsonaro e seus aloprados. Se exitosa, será o início da retomada democrática no Brasil. A reação direitista colocou o país à beira do precipício, cabe às forças democráticas resgatá-lo. A hora é agora.
Alberto Cantalice é membro da Direção Nacional do PT e Diretor da FPA.