As chuvas começam a aumentar na Amazônia. E a partir de dezembro, diferente das regiões Sul, Sudeste e parte do Centro Oeste brasileiro, a maior parte do Norte começa a viver o que chamamos de “inverno amazônico”, período que chove na cabeceira dos rios e as águas começam a subir. E com o fim da estiagem, a floresta vive um tempo de trégua das queimadas.
Diferente da postura dos negativistas e seguidores das teses destruidoras de Bolsonaro, a manutenção da floresta representa muito mais riqueza do que o cultivo de soja ou a implantação de pasto para gado.
Está comprovado que a Amazônia concentra a maior biodiversidade do planeta Terra. E que os recursos florestais e hídricos são fontes potenciais de alimentos e de insumos para a indústria farmacêutica e de cosméticos.
Mas para conhecer e gerar novo produtos, a partir da riqueza da região, é preciso romper com a concepção de que modelos que deram certo em outras regiões, podem se reproduzir aqui, desconhecendo que estamos na faixa do trópico úmido.
Por isso mesmo, o maior desafio ao Estado brasileiro e às instituições é o investimento em ciência, tecnologia e inovação. É um aspecto fundamental para revelar novos conhecimentos que garantam potenciais produtos que ajudem no combate à fome e insumos para imunizar e fortalecer a saúde humana e animal.
Infelizmente, o presidente de plantão vai na contramão de todas as experiências bem sucedidas de países que investiram na área. Este é o diferencial para quem deseja reduzir a dependência da compra de patentes estrangeiras. Somente criando novos produtos a partir da biodiversidade que vamos equilibrar nosso passivo nas trocas comerciais.
Basta investir nas pesquisas das universidades, nos institutos; estimular a iniciação científica; e criar um ambiente voltado à inovação tecnológica. E há propostas no Congresso neste sentido. É o caso do projeto Mais Ciência Amazônia (PL 388/18), do qual sou autor e tramita no Senado Federal.
Minha proposta prevê a ampliação de pesquisadores na região para fortalecer a produção do conhecimento e promover a integração dos trabalhos científicos. Aponta ainda a necessidade de ampliação de recursos para pesquisadores sediados na Amazônia e de outras regiões, desde que os temas envolvam trabalhos sobre a sociobiodiversidade.
Este é um desafio que deve envolver a sociedade brasileira e os líderes mundiais preocupados com o futuro do nosso planeta. Isso não sou eu quem estou dizendo, mas representantes de todo o mundo durante as reuniões da COP-26, encerradas na semana passada.
Paulo Rocha é senador do PT-PA e líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal.
Artigo originalmente publicado no jornal O Liberal, em 21 de novembro