A primeira campanha eleitoral a gente nunca esquece. A minha foi a de 1982, em São Paulo, trabalhando para eleger um estadual e uma federal do PT, ainda na ditadura, estando presidente o general que ameaçara “prender e arrebentar” quem fosse contra a abertura política – no caso, seus próprios amigos militares “radicais porém sinceros”, que haviam jogado bombas em bancas de jornais e no escritório da OAB no Rio de Janeiro, em 1980, e tentado cometer massacre em grande escala em show no Riocentro, em 1981, para culpar a esquerda e assim justificar outro “fechamento” do regime, como fizeram em 1969 com o AI-5.
Quarenta anos depois, novamente em governo militar – o vice é general e o presidente finge que é militar –, e ainda assim em situação eleitoral melhor que em 1982, apesar das ameaças de golpe e o risco de sermos baleados e mortos por adeptos armados do presidente da República. Melhor sim, porque temos muita coisa boa para mostrar à população, de tudo o que foi feito pelo PT, nas prefeituras, governos estaduais e nos três mandatos e meio no governo federal. Mais a atuação diferenciada das e dos petistas: militância, parlamentares e integrantes de governos. Prova de que nossa atuação para melhorar a vida do povo é reconhecida é a elevada preferência partidária pelo PT, historicamente recordista e maior do que a soma da preferência dos demais.
Mesmo sabendo-se que as campanhas existem justamente para possibilitar a desconhecidos(as) serem eleitos(as), o primeiro mito eleitoral que enfrentamos em 1982 segue atual em 2022: o da “chance” – quem tem e quem não tem chance de ser eleito(a), propagado como verdade por proprietários de bolas de cristal. O outro mito recorrente é o “se a eleição fosse hoje” – pesquisas são utilizadas como prova definitiva de algo que ocorrerá três meses depois.
Agora em 2022, além desses mitos tradicionais, temos também o de 2018, eleito presidente da República sem participar de um único debate, e sem que a mídia escarafunchasse a sua vida, tornando públicas as suas características e atividades. O pouco que se sabe sobre ele é o que o próprio sempre fez questão de dizer – que é a favor da tortura e outras aberrações desse tipo. Muita gente não sabe, por exemplo, que ele recebe aposentadoria desde os 33 anos de idade, quando saiu do Exército em ótimo estado de saúde, acumulada com a remuneração de deputado federal a partir de 1991. Justiça seja feita: o mito de 2018 só existe por cumplicidade – não apenas conivência ou omissão – da Mídia brasileira.
Uma única coisa é verdade, no Mito de 2018: é o político mais mentiroso que se tem notícia. Não há nada parecido na história política brasileira. É mentiroso compulsivo (e repulsivo). Donde se conclui que a campanha de 2022 terá muito mais mentiras do que a de 2018, a começar por sua chapa, blefe golpista ancorado em notável sem-voto de vice – mais um general que se sujeita a obedecer ao ex-capitão que saiu do Exército por quebra da hierarquia e por mentir.
Diferentemente dos demais mitos eleitorais, o de 2018 será desmascarado em 2022, com muito trabalho e a coragem necessária. A imensa farsa que tomou conta do Brasil acabará, conforme seja comprovada a destruição prometida – e promovida – por seu desgoverno em todas as áreas, da Economia à Cultura, da Ciência e Tecnologia à Preservação Ambiental, da Educação à Saúde, e por aí vai. A área central de São Paulo, a cidade mais rica da América do Sul, sintetiza o empobrecimento do Brasil causado pelo desgoverno federal do Mito de 2018. A Amazônia devastada comprova a diferença que faz um governo que cuida e outro que “abre a porteira”. Ganharemos em 2022 sem medo desse infeliz. Ganharemos porque é fato, e não mito eleitoral, a disposição “campanheira” da militância e simpatizantes do PT, sempre dispostos(as) a batalhar por um futuro melhor para a população.
Milton Pomar – “Campanheiro”, coordenador do Setorial das Pessoas Idosas do PT-SC.