O ano de 2020 ficará por muito tempo marcado em nossa memória coletiva, pelo medo da doença, pela perda de familiares e amigos e pelas grandes mudanças que impôs no cotidiano de todas as pessoas. Um novo ano chega, renovando nossa esperança e disposição para novas batalhas. A esperança vem da expectativa de superação da pandemia e de retomada econômica. A luta é necessária para preservar direitos, democracia e soberania, ameaçados por projetos que prejudicam o país e a vida dos trabalhadores.
Milhões de pessoas já foram vacinadas em dezenas de países. No Brasil, tragicamente, os planos são incertos e a vacina tornou-se objeto da disputa de vaidades e da reiterada negligência do governo federal em salvar vidas. É preciso vacina, quantas forem necessárias, para todos e já! E só o Sistema Único de Saúde (SUS) é capaz dessa façanha como já vem provando ao longo de muitas anos de bem sucedidas campanhas de imunização.
A vacinação é fundamental para proteger a população, especialmente aquela mais vulnerável à doença, mas também para que o país tenha condições de retomar a atividade econômica. Somente perspectivas sólidas podem estimular investimentos e a geração de empregos de qualidade.
O caminho escolhido até aqui pelo governo e pela maioria do Congresso Nacional para produzir essas perspectivas é tortuoso, ineficaz e penaliza a população mais pobre e o futuro do país.
O Auxílio Emergencial, vital para que as pessoas tivessem o mínimo para sobreviver e para manter a economia em movimento, termina em 31 de dezembro e deixará milhões de brasileiros sem nada. Mesmo assim, nem o governo nem o Congresso apontam para sua continuidade. A CUT defende e seguirá lutando por uma renda básica permanente por meio da ampliação dos benefícios do Programa Bolsa Família ou da continuidade dos programas de renda emergencial.
O investimento público, através de programas de transferência de renda e de crédito, de obras públicas, da expansão de estatais como a Petrobras e a Eletrobras, são alavancas fortes do desenvolvimento nacional. Beneficiam a população, o país e estimulam a atividade econômica e a geração de empregos. São investimentos represados por um criminoso teto de gastos, por planos de privatização e pela destruição de políticas públicas.
Um nítido exemplo é o da produção de alimentos da agricultura familiar. Sem crédito, assistência técnica e apoio à comercialização, desde 2016, a produção de alimentos básicos como arroz, feijão e leite despenca ano a ano e os preços aumentam, levando à fome e à miséria.
Da mesma forma não há política para estimular a indústria, cujos limites se mostraram na incapacidade de produção de insumos básicos ao setor da saúde e na contínua perda de oportunidades de fazer avançar a indústria nacional.
Os trabalhadores no campo e na cidade estão unidos em torno de um projeto de desenvolvimento que preserve o meio ambiente e garanta crescimento econômico com redução das desigualdades. Para isso, é preciso taxar a renda e o patrimônio dos super ricos e orientar o gasto público para incluir e atender as necessidade da maioria da população.
O ano de 2020 trouxe ainda mais à luz outra chaga da nossa sociedade: o racismo e o machismo. A violência brutal e cotidiana agride e mata a população negra. A noite de natal foi manchada pelo sangue do feminicídio. Superar os papéis de subordinação e violência reservados às mulheres e negros não é uma luta identitária, é um dever de todas as pessoas comprometidas com os ideais de igualdade, liberdade e democracia.
Em 2021 a classe trabalhadora seguirá contando com os sindicatos e com a CUT para organizar suas lutas e reivindicações. As centrais sindicais, os movimentos populares e a sociedade civil estarão juntos na luta para dar fim ao governo de uma família de criminosos. Seguimos com esperança e disposição para lutar em defesa da vida, da democracia e dos direitos de todos os brasileiros.
Um 2021 de lutas e vitórias.
Sérgio Nobre é metalúrgico, é presidente nacional da CUT Brasil