O mundo produz alimento suficiente para todos os seus 7,3 bilhões de habitantes. Mesmo assim, uma em cada quatro pessoas do nosso planeta ainda vive a realidade da fome, em média a cada 4 segundos um ser humano morre por falta de alimentação. A situação piorou drasticamente com a pandemia de coronavírus, estimativas da Organização das Nações Unidas apontam que, em 2020, o número de famintos dobrou atingindo a triste marca de 270 milhões de pessoas.
Mesmo sendo o terceiro maior produtor de alimentos do planeta, o Brasil apresenta estatísticas desoladoras no atual cenário de crise. O último levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional indicou que mais de 19 milhões de brasileiros passaram fome nos últimos meses e cerca de 55,2% das famílias conviveram com algum grau de insegurança alimentar. Só no estado do Rio a fome atingiu 1,7 milhões de pessoas.
A atual conjuntura representa um enorme retrocesso para o país, que saiu do mapa da fome em 2014 após os governos de Lula e Dilma implementarem uma série de políticas públicas compensatórias, como o aumento da renda dos mais pobres com valorização de 71,5% do salário mínimo; a geração de 21 milhões de empregos; a implementação do Bolsa Família; a melhoria da merenda escolar e a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA).
Todas essas conquistas do passado agora estão ameaçadas por uma lamentável condução do governo nesta crise sanitária e humanitária. Uma única cesta básica chega a comprometer 53,46% do salário dos trabalhadores em determinados estados brasileiros. Dados do Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam que durante o ano os alimentos ainda podem acumular alta de 4,6%. Embora o valor da comida seja o mais alto dos últimos 18 anos, Bolsonaro e seu ministro da economia, Paulo Guedes, reduziram o auxílio emergencial e cortaram mais de 158 mil beneficiários do Bolsa Família.
Fica evidente que a expansão da miséria e da fome é uma opção política do governo Bolsonaro e de seus aliados. Por isso, cabe a nós resistirmos a essa arbitrariedade unindo esforços na nova campanha de solidariedade que está sendo organizada pelo Partido dos Trabalhadores em todo Brasil. Procure em seu município os pontos de coleta, seja mais um na luta por vida, pão, vacina e educação!
João Maurício é presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), no Rio de Janeiro
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Originalmente publicado no portal Brasil 247