O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, admitiu nesta terça (7) que os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos no dia 14 de março deste ano, envolveram agentes do estado e políticos. Ele tentava justificar a demora para solucionar o crime, durante entrevista ao programa Entre Aspas, na Globonews.
Quando questionado pelos entrevistadores, Jungmann se enrolou. “Em primeiro lugar é o fato [de] que é difícil de lhe responder. Com as informações que tenho, eu não posso trazer todas aqui porque senão eu criaria problemas para a própria investigação”.
Depois admitiu: “Em segundo lugar, a complexidade. O que eu posso dizer a você: esse assassinato da Marielle envolve agentes do estado. Envolve, inclusive, setores ligados seja a órgãos de setores do estado, seja a órgãos de representação política”.
Questionado se seriam ramificações de dentro do parlamento e da polícia, ele afirmou que sim. “Esse é um dos problemas que existe. A complexidade deriva do profissionalismo com que [os assassinatos] foram feitos e com o fato de que eles têm uma rede de intersecção, que eu poderia chamar daqueles que têm interesse de que eles acontecessem e que, aparentemente, você tem que chegar e comprovar isso”, respondeu o ministro.
“Daí a grande dificuldade que você tem para esclarecer o caso de Marielle”, acrescentou Jungmann, prometendo que o caso deve ser esclarecido até o final do ano.
No início de maio, em depoimento à Delegacia de Homicídios do Rio, uma testemunha disse ter presenciado conversas entre o vereador Marcelo Siciliano (PHS) e Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, apontado como chefe de uma quadrilha de milicianos, nas quais supostamente teriam discutido o assassinato de Marielle. O depoimento foi revelado pelo jornal “O Globo”. Os dois negam qualquer participação no crime.
Ameaças à família.
A viúva de Marielle Franco, a arquiteta Mônica Benício, entrou pedido de proteção à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), e na segunda-feira (6), prestou depoimento à polícia brasileira, confirmando que há quatro meses sofre ameaças pessoalmente e pela internet.
Por redação da Agência PT de notícias, com informações do UOL