Partido dos Trabalhadores

Alesp aprova proibição do uso de balas de borracha em manifestações

Proposto pela bancada do PT, projeto de lei segue para sanção ou veto do governador Geraldo Alckmin.

O fotógrafo Sérgio Andrade perdeu a visão no olho esquerdo após ser atingido por um tiro de bala de borracha enquanto trabalhava

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, na última quarta-feira (3), projeto de lei que proíbe o uso de balas de borracha pelas polícias civil e militar em manifestações no estado. A matéria, de autoria da bancada do PT, segue para apreciação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que pode sancionar ou vetar a proposta.

De acordo com o texto aprovado, o eventual uso da bala de borracha pela polícia poderá ser considerado como transgressão disciplinar. Na justificativa para a proposição do projeto, a bancada do PT cita casos de lesões corporais em decorrência do uso deste tipo de munição.

“Não é mais possível assistirmos passivamente o uso de balas de borracha pela Polícia Militar. Algo tem que ser feito, e com urgência, para impedir o uso dessa munição antes que ela venha a produzir efeitos letais em manifestantes”, explicam os deputados, no texto.

Além disso, os parlamentares relembraram que, em declarações à imprensa em junho deste ano, Alckmin havia proibido o uso de balas de borracha pelas polícias do estado. No entanto, a orientação não surtiu efeito e a munição continuou a ser utilizada contra manifestantes.

Para o líder da bancada do PT na Alesp, deputado João Paulo Rizzo, a aprovação do projeto de lei é considerada uma grande conquista para os movimentos sociais.

“Esses movimentos têm, de forma democrática, questionado os abusos da polícia nas manifestações, com o uso de balas de borracha”, explica o parlamentar.

Rizzo relembra o caso do repórter fotográfico Sérgio Andrade da Silva, que perdeu a visão no olho esquerdo após ser atingido por um tiro de bala de borracha enquanto cobria manifestação popular no dia 13 de julho.

O fotógrafo ingressou com ação contra o estado com o pedido de R$ 1,2 milhão de indenização por danos morais, materiais e estéticos causados pelo uso da munição.

“A aprovação da lei é uma grande conquista e esperamos que o governador sancione o texto”, afirma Rizzo.

Em 2000, o também repórter fotográfico Alex Silveira foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha ao cobrir uma manifestação na capital paulista. Ele precisou abandonar a profissão após o ferimento e teve o pedido de indenização negado pela Justiça de São Paulo.

Mobilização – As bancadas do PT, PSOL e PCdoB na Assembleia Legislativa de São Paulo promoverão, nesta terça-feira (9) debate sobre o uso de balas de borracha em manifestações populares. A intenção é mobilizar para que o projeto não seja vetado pelo governador Geraldo Alckmin.

Em outubro deste ano, a 10º Vara da Fazenda Pública da Capital concedeu liminar para proibir o uso de balas de borrachas em manifestações no estado. A decisão também determinava que a Polícia Militar elaborasse e divulgasse plano de ação para protestos em o uso deste tipo de munição. A multa diária em caso de descumprimento seria de R$ 100 mil.

No entanto, em novembro o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a liminar, com a justificativa que a proibição poderia resultar em situações “incontroláveis”.

Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias