O Brasil deve perder 42 mil adolescentes vítimas de assassinato, de 2013 a 2019, segundo estimativa do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), divulgado nesta quarta-feira (28), no Rio de Janeiro (RJ). O estudo mostra um aumento de 17% no número de homicídios entre jovens com idade e 12 a 18 anos, em relação a 2011. O número é o maior registrado desde 2005.
Segundo o levantamento, a cada mil adolescentes com 12 anos completos em 2012, 3,32 devem morrer antes de completarem 19 anos. Em 2011, o índice era IHA era de 2,84.
O número de jovens entre 10 e 18 anos vítimas de agressão é ainda mais assustador. Em 2012, último ano usado pela amostragem, 36,5% dos adolescentes mortos eram vítimas de homicídios. Em comparação com o restante da população, este número chegava a 4,8%.
De acordo com o estudo, a probabilidade de um jovem do sexo masculino ser vítima de homicídio é quase 12 vezes maior em comparação com risco sofrido por mulheres.
O estudo é feito pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Observatório de Favelas e Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ) e utilizou dados de 288 municípios em municípios com mais de 100 mil habitantes, publicados pelos Censos 2000 e 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
Nordeste – O Nordeste está em primeiro no ranking de regiões onde mais jovens morrem assassinados, com média de 5,95 para cada mil mortes de adolescentes. O número estimado entre 2013 e 2019 é de 16.180 homicídios.
Em segundo lugar está o Centro-Oeste, com média de 3,74 e 3.373 assassinados estimados em seis anos. Em seguida vem a região Norte, com 3,52 e 3.908 mortes violentas e o Sudeste, com índice de 2,25 e 14.323 adolescentes mortos.
O estado com maior índice de morte entre adolescentes é o Alagoas, com 8,82 assassinatos para cada mil mortes de adolescentes. O segundo estado que mais mata jovens é a Bahia, com 8,59 e o terceiro é o Ceará, com 7,74.
Racismo – O levantamento mostra também que a chance de jovens negros serem assassinados é 2,96 vezes maior que os brancos. A ocorrência entre jovens negros e do sexo masculino é ainda maior, com o risco de assassinato 11,92 vezes maior, se comparado ao das mulheres negras.
Para enfrentar o quadro tenebroso que se avizinha, o governo federal anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial para elaborar o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Letal de Crianças e Adolescentes.
Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Ideli Salvatti, é urgente para o País a elaboração de políticas públicas para reduzir os homicídios de jovens, com o trabalho conjunto entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
“A proposta do pacto é uma urgência. É uma ação do governo federal na construção de um plano nacional para prevenir as mortes de adolescentes e acabar com esse ciclo de violência”, declarou a ministra, durante coletiva de imprensa.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias