A Praça dos Três Poderes, em Brasília, será o espaço de um ato em apoio à presidenta Dilma Rousseff e contra recentes tentativas de golpe, nesta segunda-feira (13), a partir das 18h. O movimento é espontâneo e nasceu de debates sobre os movimentos antidemocráticos e golpistas que tentam inviabilizar um governo legitimamente eleito.
O ato é organizado pelo Núcleo em Defesa da Democracia (NDD), criado há uma semana, sem lideranças partidárias. Entre os mais de 70 membros, há servidores públicos, desempregados, empresários e partidários de várias legendas. O NDD apoia o Grupo Brasil, frente progressista que envolve partidos políticos e movimentos sociais brasileiros.
Segundo uma das organizadoras do grupo, a jornalista e cientista política Vera Lúcia Coelho de Medeiros, o movimento “nasce forte”, com articulações em todo no Brasil. Segundo ela, foram enviados mais de três mil convites, apenas dentro do Distrito Federal (DF), e o movimento recebeu apoio de várias partes do País. O NDD aposta nas redes sociais como ferramenta de articulação.
“Não dá para ficar perguntando um ao outro se vai ou não ter golpe. A gente não pode deixar isso acontecer”, afirma.
De acordo com a organizadora, a maioria das pessoas do grupo não é filiada a partidos políticos. “Essas pessoas participam de uma democracia e se veem representadas por este governo, independentemente de serem filiados a ele ou não”, avalia.
Para Vera Lúcia Medeiros, há um preconceito “muito claro” contra a presidenta por parte de quem não aceita o fato de a nação ser dirigida por uma mulher e o acesso da classe trabalhadora a direitos até pouco tempo privilégio de poucos.
“É o preconceito de quem pode mais. Quem prega o impedimento da presidenta está invadindo área pública e bebendo champanhe”, destaca.
Para ela, a direita usa a comunicação para desinformar e o movimento golpista vem de parte da imprensa. A jornalista diz não entender a crise pregada pela elite, quando os supermercados, os restaurantes e os shoppings estão “abarrotados de gente”.
“É uma crise que está apenas nos meios de comunicação. De quem são esses meios de comunicação, quem são os seus proprietários?”, pergunta Vera.
Ao confirmar a presença no ato de hoje, a secretária de Mobilização do PT, Maristella Matos, acredita na ampliação do movimento nos estados a partir desse primeiro ato, quando será realizada, segundo ela, uma vigília pela democracia e contra o golpe.
“Vamos analisar para saber como serão os próximos atos. Como é uma coisa embrionária e suprapartidária, é o primeiro de vários que virão”, ressalta a secretária.
Para Maristella, não concordar e apoiar um governo é uma coisa, mas é inadmissível a falta de apoio à uma democracia institucionalizada com muita dificuldade, com tortura e mortes em uma época que o Brasil não deseja rever.
“A democracia no Brasil é muito prematura, ainda está começando. Golpe e fascismo caminham lado a lado e a gente não aceita”, ressalta a secretária.
É um engano imaginar que o Brasil “está por conta” das ideias conservadoras, afirma a vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro. Segundo ela, existe no Brasil resistência, organização e mobilização contra os que querem a volta de momentos ruins para o País. De acordo com a vice-dirigente, o impeachment é uma fantasia da imprensa.
“Então, que façam a fantasia deles e vivam dela. A imprensa já condenou a Dilma, mas isso é coisa da cabeça deles, porque no Brasil existe quem resista a todo esse golpe”, destaca Carmen.
De acordo com Carmen, a CUT vai apoiar em todo o País as articulações progressistas de esquerda que ocorrem em todos campos de atuação. Ela ressaltou que a central estará, assim como esteve desde os primeiros momentos na luta pela redemocratização do País, nas ruas para não permitir o retrocesso.
“Então, a CUT está participando de várias articulações importantes, com movimentos que tendam a fortalecer a democracia no Brasil”, ressalta Carmen.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias