A reunião da Frente Nacional em Defesa da Soberania Nacional realizada nesta quinta-feira (19), em São Paulo, trouxe para o legislativo paulista o debate sobre a política privatista do governo Bolsonaro, que se manifesta, com todos os seus impactos sociais e econômicos, também com Doria governador. Com a presença da presidenta da frente, a senadora Zenaide Maia (PROS-RN), seu secretário-geral, deputado Patrus Ananias (PT-MG), e seu presidente de honra, o ex-senador Roberto Requião, a audiência aconteceu por iniciativa do líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, Teonilio Barba, e do deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).
Além da defesa da soberania nacional, o encontro em São Paulo é um contraponto necessário a quase três décadas de governos do PSDB que jogam contra o sistema público, seguindo o roteiro de abandono, desmonte, precarização, sucateamento das empresas públicas. É preciso que a população saiba que, em São Paulo, hospitais, rodovias, parques, empresa de processamento de dados, zoológico, fábrica de remédios, laboratórios constituídos com recursos públicos, foram colocados na ala das privatizações pelo governador João Doria, como fonte de lucros garantidos aos seus amigos empresários, ressalta o líder do PT, Teonilio Barba.
No governo federal, são 17 as empresas públicas à venda, entre elas a Eletrobras, responsável por geração, transmissão e distribuição de energia, com 164 usinas, 36 delas hidrelétricas. “Nenhum governo do mundo vende empresa que produz energia por hidrelétrica. São nossas águas que estão em jogo”, afirmou a senadora Zenaide Maia.
Negócios como a venda da Embraer para a multinacional norte-americana Boeing foram, no entendimento do ex-ministro Bresser Pereira, uma violência contra a nação brasileira. “Todos os serviços, como luz, telefone, subiram de preço depois que as empresas, antes públicas, foram privatizadas”, lembrou o economista.
“A soberania nacional não se restringe à defesa dos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro, ela vai além e se refere a todas as formas de vida no nosso Brasil. Mulheres e homens, nossa cultura, educação, ciência tecnologia e trabalho. Tudo o que o atual governo está nos negando”, disse a presidenta da Frente Nacional em Defesa da Soberania Nacional. Para ela, o discurso em defesa da família é hipócrita quando o acaba com o Minha Casa Minha Vida, tira dinheiro da saúde e da educação e nega emprego.
O deputado Patrus Ananias corrobora a ideia: “não se trata apenas do desmonte do patrimônio nacional, pois vinte anos de congelamento dos investimentos na saúde e na educação, a ‘deforma’ – e não reforma – trabalhista e a ‘deforma’ da previdência, desmontaram todos os direitos sociais; e Lula, preso, julgado e condenado injustamente, é o desmonte do Estado Democrático de Direito”.
Contra a Precarização
Roberto Requião falou sobre o avanço do domínio do capital financeiro, que controla governos, parlamentos e dita as políticas públicas em todo o mundo. No Brasil, a prevalência do capital improdutivo passou a dominar a administração do Estado e a massacrar o trabalhador. Segundo Requião, esse processo sustenta-se no tripé: precarização do Estado e subordinação deste ao interesse do mercado financeiro; precarização do parlamento, por meio do financiamento privado de campanhas; e precarização do trabalho e supressão dos direitos. “Vejo nesse quadro os sinais de caos que nós vamos atravessar. Qualquer pessoa lúcida percebe que o atual presidente diverte a opinião pública com suas bobagens. E quem governa é o Paulo Guedes com apoio do centrão e do Rodrigo Maia”. A formação de uma frente ampla também foi tema da fala do ex-senador. Ela deve, na sua visão, incorporar as demandas populares e defender um referendo revogatório.
Resistência
A iniciativa de iniciar por São Paulo as reuniões que visam a ampliação da Frente Nacional em Defesa da Soberania Nacional contou com o empenho do deputado federal Carlos Zarattini e teve entre seus organizadores a deputada Leci Brandão (PCdoB), que preside a Frente Parlamentar sobre a Privatização e em Defesa do Patrimônio e dos Serviços Públicos de Qualidade, já instalada na Assembleia Legislativa. Leci Brandão saudou a presença das várias categorias de trabalhadores, eletricitários, bancários, petroleiros, ferroviários, dos Correios, entre outros, no encontro que qualificou como m ato de resistência.
Carlos Zarattini comemorou a presença desses trabalhadores e dos representantes da centrais sindicais, CUT, Intersindical, UGT, CTB e Força Sindical, e dos movimentos sociais, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Central de Movimentos Populares (CMP) . E conclamou a todas a uma ampla organização : “a tarefa é organizar o nosso time, mobilizar as ruas, para derrotar quem está destruindo o Brasil, rumo à construção de um governo democrático e popular”.
Falando em nome da bancada do PT, a deputada Márcia Lia propôs um futuro desse movimento, não podemos ultrapassar nossas competências, mas temos de defender a soberania do nosso povo e restabelecer a democracia. “Numa ampla frente, a partir das iniciativas do Conselho Nacional, da Assembleia Legislativa, dos movimentos populares e sindicais, devemos nos unir e ir para a rua e superar esse governo, revogar os atos entreguistas praticados pelo atual governo, pois não vamos aceitar a entrega do nosso petróleo, a entrega de nossas empresas, das nossas riquezas”, propôs Márcia Lia, considerando que muitas vezes o povo não está sabendo da gravidade do que está acontecendo no nosso país e é tarefa dos partidos políticos e movimentos conversarem com essas pessoas, mobilizá-las, e retomar o processo de democrático no Brasil.
Por PT na Câmara