Para o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição pelo PT, Fernando Haddad, a campanha eleitoral de 2016 foi tomada por uma inversão de valores. Segundo ele, o oportunismo foi colocado acima da saúde e da segurança no trânsito.
Esta foi a afirmação de Haddad em entrevista transmitida ao vivo no Facebook de “Catraca Livre” na segunda-feira (12), após ser questionado pelo jornalista Gilberto Dimenstein sobre a redução da velocidade nas marginais.
O tema tem aparecido em diversos debates entre os candidatos. Marta Suplicy (PMDB), Celso Russomano (PRB) e João Dória (PSDB) não só criticam a redução da velocidade máxima nas vias expressas, como ainda prometem retroceder nesta medida implementada por Haddad no último ano.
“Eu acho de uma enorme irresponsabilidade o que Russomano, Marta e Dória estão fazendo na TV. É um desserviço”, respondeu. “Aumentar limite de velocidade é homicídio doloso”, condenou o petista.
Na entrevista, Haddad argumentou que dados de boletins de ocorrência, elaborados pela Secretaria de Segurança Pública (ligada ao governo estadual, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin), mostram que antes da redução da velocidade nas marginais havia 1249 mortes por ano. Isto equivale a uma média de 4 mortes e 100 feridos por dia na cidade de São Paulo.
Com a mudança na velocidade, aconteceu uma redução histórica no número de acidentes no município.
“Vida antes do voto”
Na campanha, alguns acusam Haddad de ter criado uma “indústria da multa”. E o prefeito explica que não existe indústria da multa, mas sim o objetivo de acabar com a indústria da morte. “Para mim, a vida vem antes do voto”, reforçou o prefeito.
Desde 2015, a velocidade máxima permitida nas marginais Tietê e Pinheiros caiu de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas, de 70 km/h para 60 km/h nas centrais; e de 60 km/h para 50 km/h nas pistas locais. No caso de ônibus e caminhões, a velocidade limite nas pistas expressas passou a 60 km/h.
Em 2014, antes da redução, a Marginal Tietê foi a via com mais mortes em acidentes de trânsito na capital, com 40 casos. A Marginal Pinheiros ficava em segundo lugar, com 33 mortes.
Haddad lembra que esta mudança reflete também uma recomendação de instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). A meta de São Paulo é reduzir a relação para seis mortes a cada 100 mil habitantes até 2020, de acordo como compromisso da cidade com ONU para a Década da Segurança Viária.
Golpe
O prefeito foi questionado também sobre suas motivações para ir às ruas se manifestar contra o governo usurpador de Michel Temer. Para ele, a antecipação de eleições presidenciais é o principal motivo, já que o estão em curso tentativas de cortar direitos sociais, com um projeto que havia sido derrotado nas urnas em 2014.
“Imagina você congelar os gastos sociais por 20 anos. Imagine o impacto para o trabalhador”, respondeu, citando a PEC do Estado mínimo. Haddad disse que um prefeito ou um candidato à prefeitura não pode se omitir quando há uma ameaça concreta à saúde, à educação, à moradia.
Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias