Em meio a indefinições do governo federal quanto à produção e compra de vacinas contra a Covid-19, cresce a pressão da sociedade civil para que o Ministério da Saúde coordene uma ampla campanha de imunizações no país. Segundo pesquisa do ‘Datafolha’ divulgada no último fim de semana, o número de pessoas que têm intenção de vacinar contra a doença aumentou de 73% em dezembro para 79%. A pesquisa do Datafolha reflete a urgência da execução de um programa de vacinação nacional.
O brasileiro também enxerga os efeitos catastróficos do desgoverno Bolsonaro: para 62%, a pandemia está fora de controle, de acordo com o instituto. 33% consideram que está parcialmente controlada e apenas 3% avaliam que o quadro sanitário está sob controle. O resultado confirma outra pesquisa divulgada na semana passada, da Exame/Ideia. O levantamento apontou queda na popularidade de Bolsonaro, de 37% para 26%.
Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a pesquisa é reflexo das ações genocidas de Bolsonaro em Manaus e no combate à Covid-19 no Brasil. “A população não aguenta mais a política da violência, da mentira e do negacionismo, que tem levado à morte de milhares de pessoas”, afirmou Padilha, pelo Twitter.
Campanha nacional
Além de superar o atraso causado pelas trapalhadas dos ministérios das Relações Exteriores e da Saúde na aquisição de insumos e vacinas da China e da Índia, o país ainda precisa lidar com o desafio de executar com sucesso uma campanha nacional de vacinação em um ambiente de enorme desinformação e fake news sobre o assunto.
“Um discurso negacionista, que não seja bem claro a favor da vacinação, vai, com certeza, impactar negativamente, não só a campanha contra a covid-19, mas a campanha da gripe, que vem por aí, e a vacinação de rotina que tem de ser continuada”, declarou o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, ao ‘Correio Braziliense’.
Cunha citou o exemplo do sarampo, que foi erradicado do país em 2015 mas retornou em 2018 em razão de uma cobertura vacinal insuficiente. “Uma das coisas que levam a baixas coberturas vacinais é o medo dos eventos adversos. No entanto, a confiança não diz respeito só ao produto”, explicou o imunologista. “Você precisa ter confiança nos governantes, nas instituições, nos profissionais de saúde e confiança na vacina”, apontou.
O problema é que a desinformação parte justamente de quem deveria defender a imunização da população, caso do presidente Bolsonaro, que já afirmou repetidas vezes que não pretende se imunizar, e de sua família.
Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, afirmou que não irá se vacinar. “Como já tive Covid e minha taxa de imunidade é alta, meu médico não recomendou, neste momento, que eu tome a vacina. Vou seguir a ciência”, escreveu, pelo Twitter, esquecendo-se de que a ciência recomenda a vacina para todos, independentemente do histórico de contágio.
Brasil, um dos piores lugares na pandemia
Essa não é a única dificuldade causada pelo caos administrativo do desgoverno Bolsonaro. Um levantamento da agência ‘Bloomberg’, intitulado ‘Covid Resilience Ranking da Bloomberg’, revelou um dado estarrecedor: o Brasil é um dos mais perigosos países para o contágio da Covid-19.
O país ocupa o 46 º lugar numa lista de 53 países, ao lado de Paquistão, Egito e Nigéria. “Embora possam ter se enganado pela natureza insidiosa do vírus, as economias avançadas viram sua capacidade de teste e a habilidade dos médicos de prevenir as mortes de Covid melhorar com o tempo”, aponta a ‘Bloomberg’. “Essas vantagens não existem na América Latina e na África, as regiões mais devastadas pela pandemia”, observa.
Ainda segundo a agência, assim como o ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro e o mexicano Andres Manuel Lopez Obrador minimizaram repetidamente a ameaça do coronavírus.
“Essa abordagem de liderança “arrogante”, somada à falta de redes de segurança social e sistemas de saúde pública fortes, piorou a crise, afirmou à ‘Bloomberg a diretora de Programa para a América Latina do Wilson Center, um think-tank de Washington.
Da Redação, com informações de ‘Folha, ‘Correio’ e ‘Bloomberg’