Integrantes da Bancada do PT na Câmara repudiaram pelas redes sociais, nesta sexta-feira (17), o pronunciamento do agora ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, divulgado na em vídeo na noite da quinta-feira (16), no qual cita trecho de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler. Alvim fez o vídeo para divulgar um edital do governo para a cultura.
Segundo os parlamentares, nem mesmo a demissão do secretário pode esconder a gravidade do fato. No vídeo, Roberto Alvim afirma: “A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada as aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”. O vídeo teve como trilha sonora o prelúdio de “Lohengrin”, ópera do antissemita Richard Wagner que é enfaticamente elogiada por Hitler em seu livro “Minha Luta”.
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferramenta romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande Páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels a 8 de maio de 1933, nos primeiros meses do governo nazista.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder da Bancada do PT na Câmara, o discurso do futuro ex-secretário de Cultura de Bolsonaro apenas confirma a origem da inspiração do atual governo. “O fato de Roberto Alvim ter se sentido à vontade para fazer o que fez, mostra a inspiração nazista do bolsonarismo”, cravou Pimenta.
Para o futuro líder da Bancada do PT, que assume no início de fevereiro, deputado Enio Verri (PR), mais do que o vídeo de Roberto Alvim, o que mais assusta é a passividade das instituições brasileiras frente aos ataques aos valores democráticos no País. “O governo Bolsonaro, alguém disse, nos tira também a capacidade de criar exageros, pois ele é a caricatura do exagero. Porém, o que está assustando – e indignando – é a rotineira omissão das instituições frente ao avanço da instalação de um Estado autoritário no Brasil”, alertou.
O deputado Enio Verri disse que a “exoneração de Roberto Alvim é o mínimo” que poderia ocorrer. “[Roberto Alvim] Deve ser processado e sofrer as sanções previstas para quem usa de cargo público para incitar nazismo, ódio, intolerância autoritarismo”, completou.
Ainda sobre o escândalo, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) destacou que o vídeo de Roberto Alvim “mostra grau de ocupação ideológica em órgãos públicos e o flerte do governo com o fascismo e o nazismo”. Para Gleisi, usar Goebbels “por si só é repugnante e sinal de alerta. Não há espaço no governo p/ isenção, contraditório, muito menos para a liberdade artística e de expressão”.
Já o líder da Minoria na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), destacou que o discurso do ex-secretário vai contra os valores da Constituição do Brasil. “Além de ser uma vergonha ter um secretário da Cultura que defende ideais nazistas, essa fala é inconstitucional porque a CF veta qualquer apologia ao Nazismo”, observou.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), deputado Helder Salomão (PT-ES), classificou o discurso de Roberto Alvim como “inaceitável”.
Também repudiaram as declarações do agora ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro os deputados petistas Afonso Florence (BA), Airton Faleiro (PA), Alencar Santana Braga (SP), Alexandre Padilha (SP), Arlindo Chinaglia (SP), Assis Carvalho (PI), Beto Faro (PA), Bohn Gass (RS), Carlos Veras (PE), Célio Moura (TO), Erika Kokay (DF), Henrique Fontana (RS), José Guimarães (CE), Joseildo Ramos (BA), Margarida Salomão (MG), Maria do Rosário (RS), Marília Arraes (PE), Natália Bonavides (RN), Nilto Tatto (SP), Odair Cunha (MG), Paulão (AL), Paulo Teixeira (SP), Reginaldo Lopes (MG), Rogério Correia (MG), Valmir Assunção (BA) e Zeca Dirceu (PR).
Por PT na Câmara