Inaugurado nesta semana em Xangai, na China, o Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco dos Brics, como é mais conhecido, surge como um contraponto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao Banco Mundial e outras instituições tradicionais de crédito e tem potencial para ampliar a atuação para outras nações emergentes.
A avaliação é do senador Jorge Viana (PT-AC). Para o parlamentar, que integra as comissões de Relações Exteriores e Assuntos Econômicos do Senado, o Banco vai ajudar a solucionar a falta de crédito enfrentada por países em desenvolvimento.
“Os países que compõem o Brics fazerem seu próprio banco, que começa maior do que o Banco Mundial, é fundamental para promover investimentos, principalmente na área de infraestrutura”, afirma.
De acordo com Viana, o Banco dos Brics vai diminuir a dependência dos países em desenvolvimento das linhas de créditos oferecidas por instituições tradicionais. “Os países em desenvolvimento pagam taxas maiores, isso não é justo. Já com o novo banco, o crédito será mais barato e mais garantido”, explica.
O potencial fica claro em números. A instituição nasce com um capital inicial de US$ 100 bilhões e deve realizar os primeiros empréstimos em abril de 2016. Sem contar com a África do Sul, último país a ingressar no bloco, os Brics reúnem 25% do PIB mundial, mais de 40% da população e um quarto do território do planeta.
Para o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Economia e doutor em Ciência Política, Rubens Sawaya, a criação da instituição representa uma virada de jogo em relação à hegemonia econômica dos Estados Unidos e da Europa, fortalecida principalmente pela força econômica Chinesa. Mas ele alerta que não há disputa.
“Quando se toma um financiamento do Banco Mundial ou do FMI, sujeita-se às regras instituídas por eles, ou seja, vem junto com o empréstimo um pacote de lições de casa. A ideia dos Brics, de certa forma, é se livrar desses condicionantes, inclusive as taxas”, detalha.
A mudança é positiva porque o Novo Banco oferecerá maior liberdade de escolha para os países que o acionarão. De acordo com Sawaya, a abertura das operações para nações de fora do grupo estará vinculada às estratégias dos países que compõem a cúpula dos Brics.
Na última Cúpula dos Brics, realizada neste mês, na Rússia, a presidenta Dilma Rousseff defendeu a importância do banco para a ampliação dos investimentos em infraestrutura.
“O grande gargalo atualmente, para qualquer país do mundo, é justamente o custo da obtenção de recursos de longo prazo, necessários para financiar a infraestrutura, e esse é um dos objetivos do novo banco dos Brics”, disse.
A presidenta defendeu que o banco será uma fonte a mais. “E ele não é substituto de nenhum outro banco. Ele é complementar”, disse. De acordo com Dilma, até 2020, os países em desenvolvimento necessitarão de investimentos em infraestrutura na ordem de US$ 1 trilhão por ano.
“É nesse cenário que o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics terá um papel importante na intermediação de recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável, inicialmente em nossos países e posteriormente em outros países em desenvolvimento”, concluiu.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias