A cidade de Belém (PA) é hoje uma das capitais mais violentas do Brasil. A pré-candidata do PT à prefeitura do município, Regina Barata, sabe bem quais são as principais vítimas desse cenário urbano perigoso: as mulheres, os negros e os moradores de periferia.
A sua visão vai de encontro a de um dos seus principais concorrentes à corrida eleitoral, o delegado e deputado federal Éder Mauro (PSD). O discurso do delegado se baseia no mote de “bandido bom é bandido morto”. Além do método autoritário e contra os Direitos Humanos, o pessedista se esquece que a segurança pública não é uma competência dos municípios.
“O meu concorrente só fala a segurança na perspectiva da repressão. Nós fazemos o contraponto. Vamos defender a vida”
Já a defensora pública, que ocupou em sua trajetória política os cargos de vereadora e deputada estadual, acredita que a violência deve ser enfrentada sob uma visão social e humana.
“O meu concorrente só fala a segurança na perspectiva da repressão. Nós fazemos o contraponto. Vamos defender a vida. Devemos criar parcerias com os governos estadual e federal para combater a violência e a grande influência do tráfico”, afirma a petista.
Para ela, é importante também ter uma visão mais próxima em relação às maiores vítimas da violência.
“Quem morre é negro, jovem e morador de periferia. A violência também envolve muito as mulheres. É preciso haver políticas educativas para dar oportunidades aos jovens. Devemos trabalhar a segurança pública de forma humana e que proteja a todos. Não na mera repressão e sob o pensamento de ‘bandido tem que ser morto’”, explica.
Mulheres na política
A questão de gênero é uma preocupação recorrentes da pré-candidata. Um dos incentivos para se envolver ainda mais com o tema – além de sua história como defensora dos Direitos Humanos – é o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Para ela, Dilma também foi vítima de uma cultura machista.
“Nós assistimos, talvez, ao pior dos espetáculos contra a mulher. Esse espetáculo começou com aquelas campanhas odiosas que atingiam o gênero da presidenta. Tudo o que ela passou me incentivou a fazer uma campanha em defesa da questão do gênero. É o momento de fazer o embate para que a mulher ocupe mais espaços na política”, analisa.
Ela explica que as mulheres encontram mais dificuldades para acessar a política e, inclusive, para serem respeitadas depois de ter algum cargo público. Regina lembrou que a ex-governadora do Pará, Ana Júlia (PT), enfrentou muita resistência quando comandou o estado, de 2007 a 2010.
“A Ana Júlia sofreu muito na condição de mulher. Quando o político é homem, o enfrentamento é feito muito mais no campo das ideias. Quando as mulheres estão nos embates, acham que o nosso gênero é que é enfraquecido. É o mesmo discurso cultural de achar que a mulher não pode ser empoderada no debate político”.
Precisamos de candidaturas viáveis de defesa da posição de gênero em todo o País e contra tudo o que nossa presidenta passou. Hoje nós temos instrumentos para fazer essa luta.
Ela garante que é o momento de reação das mulheres. Não só em Belém. “Precisamos de candidaturas viáveis de defesa da posição de gênero em todo o País e contra tudo o que nossa presidenta passou. Hoje nós temos instrumentos para fazer essa luta”.
Transporte humanizado
O petista Edmilson Rodrigues governou Belém por dois mandatos consecutivos (de 1997 a 2004). De acordo com Regina, o principal legado de sua gestão foi a criação do Bolsa Escola, que oferecia um incentivo às famílias carentes para manter as crianças dentro da sala de aula. “Essa é uma bandeira do PT que ninguém esquece”, afirma.
A cidade, porém, piorou de lá para cá. Uma questão fundamental, para Regina, é criar uma rede de transporte coletivo humanizado e acessível a todos.
A pré-candidata critica as obras do BRT (Bus Rapid Transit, ou transporte rápido por ônibus) na cidade. As obras começaram em 2012 e, até agora, não estão concluídas.
“Transporte é fundamental para que as pessoas sejam livres para transitar. Eu tenho uma grande preocupação de transformar Belém em uma cidade acessível”
“Já foram gastos R$ 500 milhões e não concluíram nem metade de obra. E, pior: quando a primeira parte foi inaugurada, perceberam que as rampas não eram acessíveis a pessoas com deficiência. Transporte é fundamental para que as pessoas sejam livres para transitar. Eu tenho uma grande preocupação de transformar Belém em uma cidade acessível”, explica.
Por fim, Regina afirma que é necessário fazer um debate consistente durante a candidatura para alcançar o segundo turno e, depois, chegar à prefeitura da metrópole nortista.
“Eu nunca fui envolvida em qualquer tipo de acusação de corrupção. Eu acredito que possa fazer um debate consistente para defender o Partido dos Trabalhadores e a minha candidatura a Belém”.
Assista ao discurso de Regina Barata durante o lançamento de sua pré-candidatura:
Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias