Ana Clara, Agência Todas
O ano de 2020 foi marcado pelos levantes antirracistas que começaram a partir de George Floyd, nos Estados Unidos, e se espalharam pelo mundo, inclusive no Brasil. Aqui ainda enfrentamos a violenta morte de João Alberto, que foi espancado e morto por seguranças no supermercado Carrefour — gerando uma onda de protestos em várias cidades.
Mas não parou por aí. O debate racial permeou as redes sociais não apenas em conteúdos diretamente relacionados à política no sentido mais estrito, mas também alçou voo em diversos campos como a literatura, humor, música, tik-toks — tratando do combate ao racismo direta ou indiretamente. Uma diversidade de conteúdos invadiu a internet, explorando e ampliando as abordagens para além da “caixinha militantês” onde são geralmente colocados.
Preparamos uma Black-List 2020 de dez top influenciadores e influenciadoras para aproveitar o recesso e curtir bons conteúdos.
Kaique Brito @kaiquebritor
Soteropolitano de 16 anos domina o Tik-Tok e estourou na linguagem jovem e despojada da ferramenta. Ele tem 119 mil seguidores no Instagram, 163 no TikTok e mais de 2 milhões e meio de curtidas. Com criações de vídeo em cima das falas inóspitas do presidente, o influencer produz conteúdos geniais com humor fino e sarcástico, além de dialogar com grandes nomes da cultura pop jovem como Maísa, Whindersson Nunes, entre outros.
Nath Finanças @nathfinancas
Rainha da educação financeira para baixa renda, ela se destacou por fazer uma abordagem mais realista do mundo financeiro para jovens trabalhadores e trabalhadoras da periferia. Com 291 mil seguidores no Instagram e 430 mil no Twitter, ela figurou na lista de “detratores do governo” por trazer à tona a proposta inicial do governo Bolsonaro de apenas 200 reais de auxílio emergencial. Longe das ilusões do empreendedorismo que exalta a retirada de direitos, Nath busca inserir e dialogar sobre emprego, renda, finanças e direitos trabalhistas na internet de um jeito simples e fácil de entender. Nesse fim de ano, cada funcionário dela pôde escolher um presente de até 500 reais a ser pago pela empresa, o recesso vai até 11 de janeiro e créditos e méritos são dados a todes.
Silvio Almeida @silvioalmeida
O professor Silvio Almeida é advogado, filósofo e professor universitário. Autor dos livros “Racismo Estrutural ” (Polén, 2019) ,”Sartre: Direito e Política” (Boitempo, 2016) e “O Direito no Jovem Lukács: A Filosofia do Direito em História e Consciência” (Alfa-Ômega, 2006).
Nome de peso no ramo acadêmico, mas o destaque dele para 2020 é a criação de um canal no Youtube com o programa “Entrelinhas”, que fala de assuntos densos por meio do afeto. Não faz nem dois meses que o programa está no ar e já estreou em um incrível bate-papo com Mano Brown. Com muita desenvoltura e leveza, o professor conduz o programa que já contou também com o músico Emicida. O professor ainda não deixa de fora temas importantes para o país como a China, o Coronavírus e reflexões filosóficas sobre identidade e universalidade, a jornada do herói e muito mais.
Jacy Lima @thejacy
Ela é advogada, mas o que você vai encontrar no perfil dela é um papo sincerão sobre sexualidade como nunca viu. Com um jeito debochado e muito próprio de tratar sobre o tema, ela fala sobre relacionamento abusivo, práticas sexuais e com o quadro “Que babado é esse?”, ela conta histórias hilárias de seguidoras, sempre abordando o direito ao prazer mútuo e consensual em primeiro lugar. Esse ano, ela foi destaque no jornal O Globo e já soma mais de 140 mil seguidores no Instagram. É uma ótima pedida para se divertir e se informar.
Júlia Rocha @cantorajuliarocha
Cantora, compositora, médica do SUS, mãe, doula, aprendiz de padeira,militante antirracista ,vegana, ecossocialista e colunista do UOL, é assim que se apresenta a também influencer Júlia Rocha. Conhecida por compartilhar seus causos e aventuras no atendimento da saúde pública pelo twitter, esse ano, ela lançou o livro “Pacientes que curam: o cotidiano de uma médica do SUS”. Com 65 mil seguidores no Instagram e 42 mil no twitter, ela aborda um espectro amplo de assunto que vão desde a defesa do SUS, direito das mulheres, pautas antirracistas e de movimentos culturais.
Chavoso da USP
Thiago Torres tem 20 anos, é estudante de Ciências Sociais na USP, nasceu e cresceu na Zona Norte de São Paulo, youtuber e palestrante. O título de seu canal remete ao principal objetivo de sua empreitada nas redes: dialogar com a periferia sobre cultura, política, economia, sociologia, segurança e sociedade no geral — buscando tirar a reflexão acadêmica dos estofados da academia e trazer o protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras da periferia na construção social brasileira. Dentre os temas abordados em seus vídeos, estão “Pobre de direita”, “Jornalismo Policial: por que você deveria parar de assistir”, e “Esquerda, precisamos falar sobre religião”.
Thamirys Borsan @thamirysborsan
Com 116 mil seguidores no Instagram, Thamirys é humorista e aposta na produção de vídeos para internet que tocam em temas essencialmente antirracistas. Ela utiliza de linguagem debochada e vídeos mais simples, mas que refletem a essência do debate racial, principalmente nas periferias das grandes cidades. Esse ano, ela conseguiu alçar voo e participou do TEDx São Paulo para contar sua história.
Djamila Ribeiro @djamilaribeiro1
Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, a filósofa não é novata nas redes sociais, mas mais uma vez cumpriu seu papel de demarcar o debate racial dentro e fora da internet. Voz ativa ao longo do ano no combate ao racismo, em novembro, ela foi a vencedora do Prêmio Jabuti, na categoria “Ciências Humanas”, com seu livro Pequeno Manual Antirracista, da editora Companhia das Letras.
As Baías (As Bahias e Cozinha Mineira) > @asbaias
Elas foram as primeiras mulheres trans a serem indicadas para o Grammy Latino e de quebra saíram na capa da Vogue virtual esse ano. A banda disputou na categoria melhor álbum de pop contemporâneo em língua portuguesa com a produção “Enquanto Estamos Distantes”.O trio musical brasileiro possui fortes influências de Gal Costa e do Clube da Esquina, e tem como mote na música identificar as formas de expressão das mulheres. É uma ótima pedida para ouvir enquanto a festa em família (sem aglomeração, por favor) descamba para as piadas do pavê.
Galo e o Breque dos Apps @galodelutaoficial
Paulo Galo foi a liderança do movimento que realizou a greve dos entregadores no meio do ano, que ficou conhecida como “Breque dos Apps”. Ele também administra a página @entregadoresantifascistas que seguem em luta pela pauta de direitos trabalhistas e condições dignas para trabalhadores e trabalhadoras de aplicativo. Se você ainda não segue, perde a chance de se vincular a um dos grandes acontecimentos da mobilização de classe que aconteceu no país em 2020.